A Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente (Abrampa) divulgou o balanço geral da sétima edição da Operação Mata Atlântica em Pé, durante uma entrevista coletiva realizada nesta sexta-feira (27/9) no Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), transmitida pelo canal do YouTube da instituição. Em todo o país, foram realizadas 1.248 fiscalizações, com a identificação de 17.124 hectares de supressão ilegal de vegetação nativa (quase dois mil hectares a mais do que no ano passado). O trabalho já resultou na aplicação de mais de R$ 137 milhões em multas, o maior valor registrado na história da operação.
O presidente da Abrampa, Alexandre Gaio, que é Promotor de Justiça no Paraná, reforçou a importância da Mata Atlântica para o Brasil e o mundo. "Mais de 170 milhões de pessoas vivem na abrangência do bioma, que tem uma história de degradação, mas, mesmo assim, é uma das maiores biodiversidades do planeta e exerce funções socioambientais fundamentais, como o equilíbrio climático", frisou.
A edição deste ano começou no último dia 16 e ocorreu simultaneamente nos 17 estados brasileiros cobertos pelo bioma Mata Atlântica. Os Ministérios Públicos estaduais coordenaram as ações, e os órgãos ambientais foram a campo realizar as fiscalizações, com base em alertas emitidos pelo MapBiomas, uma ferramenta tecnológica que capta imagens de alta resolução de possíveis desmatamentos via satélite.
Em Santa Catarina, as fiscalizações começaram no dia 9 de setembro e vão até a próxima segunda-feira (30/9). Até o momento, 159 alertas foram atendidos em uma área de 286,56 hectares. As fiscalizações resultaram em multas que somam R$ 2.228.730,00 (dois milhões, duzentos e vinte e oito mil, setecentos e trinta reais). Os dados são do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente, órgão interno do MPSC.
De acordo com a Coordenadora do CME do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), Fernanda Broering Dutra, "a execução da Operação Mata Atlântica em Pé de forma conjunta em todos os estados da federação que possuem remanescentes desse importante bioma evidencia a necessidade de uma atuação coordenada que atenda ao melhor interesse da proteção ambiental. Os danos causados pelos desmatamentos não respeitam fronteiras, de forma que o combate a crimes contra a flora deve seguir a mesma lógica, respeitando as peculiaridades locais. A parceria entre o Ministério Público de Santa Catarina e a Polícia Militar Ambiental é um ponto de destaque para o sucesso da operação no estado, contando com o empenho de todas as Promotorias de Justiça na recuperação das áreas degradadas".
Uma das fiscalizações ocorreu em Bom Retiro, na Serra, próximo às margens da BR-282. O Promotor de Justiça da comarca, Felipe Luz, acompanhou a Polícia Militar Ambiental após o alerta de um possível desmatamento. A vistoria foi inconclusiva, e o órgão segue analisando o caso. "A preservação da Mata Atlântica é fundamental não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como uma responsabilidade legal e ética. A biodiversidade e os serviços ecossistêmicos que ela oferece são cruciais para o bem-estar das futuras gerações", destacou o Promotor de Justiça. O drone utilizado foi viabilizado pelo Fundo de Penas Alternativas, um projeto do MPSC que permite o repasse de recursos provenientes de prestações pecuniárias para os órgãos de segurança melhorarem suas estruturas.