Nesta segunda-feira, 21 de outubro, o Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (GAECO), por meio do CyberGAECO, deflagrou a Operação Overlord, visando desarticular grupo investigado por promover discursos de ódio, antissemitismo, apologia ao nazismo e por planejar atos violentos em diferentes regiões do país. 

Resultados da operação 

A ofensiva resultou no cumprimento de oito mandados de busca e apreensão, além da prisão preventiva de quatro integrantes. A operação foi realizada simultaneamente em cinco estados: Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Sergipe e Rio Grande do Sul (em procedimento autônomo) com cumprimento das ordens nas cidades de São Paulo/SP, Taubaté/SP, Curitiba/PR, Cocal do Sul/SC, Jaraguá do Sul/SC, Pomerode/SC, Caxias do Sul/RS e Aracaju/SE. 

As ordens judiciais requeridas pela 40ª Promotoria de Justiça da Capital - a partir de relatório de investigação elaborado pelo CyberGAECO - foram expedidas pela 2ª Vara da Comarca de Urussanga/SC. 

Perfil dos investigados 

Entre os presos da operação de hoje, destaca-se um suspeito de exercer a liderança do grupo e que estaria envolvido diretamente em um homicídio ocorrido em 2011, quando um jovem do movimento punk foi assassinado. O crime, motivado pela ideologia do agressor, evidencia o alto grau de violência fomentado pelos investigados por integrarem a organização.

 Outro preso é um militar da ativa do Exército Brasileiro, um praça temporário, suspeito de participar ativamente de encontros neonazistas. Embora os crimes preliminarmente atribuídos a ele não estejam diretamente relacionados às suas funções militares, seu conhecimento avançado em táticas de combate e armas de fogo aumenta significativamente o nível de risco associado à sua participação no grupo. 

A investigação também revelou que o grupo mantinha uma banda que se apresentava em eventos neonazistas em várias regiões do Brasil. Nesses encontros, bandeiras com suásticas eram exibidas, e discursos de ódio atraíam um número crescente de seguidores. Alguns dos eventos chegaram a reunir mais de 30 pessoas.

Os membros do grupo se autodenominam skinheads neonazistas e adotam como símbolo o Sol Negro - um emblema associado ao ocultismo nazista e à supremacia ariana - com um fuzil AK-47 ao centro. Esse símbolo representa, na visão dos investigados, tanto a supremacia branca quanto a glorificação da violência, indicando a disposição do grupo para o uso da força em sua imposição ideológica. 

Adicionalmente, foi identificado que o grupo realizava uma cerimônia de "batismo" para novos membros. Esse ritual de iniciação tinha como objetivo fortalecer os laços internos e reafirmar a adesão à ideologia extremista, sendo considerado crucial para a coesão e expansão do grupo. 

Colaboração interagências 

A Operação Overlord contou com apoio estratégico do Ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio do Laboratório de Operações Cibernéticas/DIOPI/SENASP, da Agência de Investigação Interna (Homeland Security Investigations - HSI) da Embaixada dos Estados Unidos da América, e do Ministério Público do Rio Grande do Sul (Núcleo de Prevenção à Violência Extrema). Essa parceria ressalta a importância da cooperação entre órgãos e agências, bem como o intercâmbio de informações, para o combate ao extremismo e ao crime organizado. Auxiliaram na execução das ordens judiciais as Polícias Civis dos estados de São Paulo (PCSP), do Paraná (PCPR) e de Sergipe (PCSE). 

Compromisso com a segurança pública 

O Ministério Público de Santa Catarina reafirma seu compromisso com a defesa da sociedade. Discursos de ódio, antissemitismo, incitação à violência e movimentos extremistas, muitas vezes formados por indivíduos que se escondem no pseudo-anonimato da internet, são ameaças graves que merecem atenção especial das forças de segurança. A Operação Overlord busca garantir que os responsáveis sejam levados à justiça, reforçando a proteção da sociedade contra ideologias que possam comprometer a harmonia social. Também evidencia, mais uma vez, que, em Santa Catarina, Estado e sociedade não toleram a existência de movimentos discriminatórios, firmes no propósito de investigar grupos que se estendem por todo o território nacional. 

Próximos passos 

As investigações continuarão com o objetivo de garantir que todos os envolvidos sejam devidamente identificados e criminalmente responsabilizados. O CyberGAECO permanece empenhado em atuar com rigor e vigilância no combate ao extremismo e na proteção da sociedade contra crimes cibernéticos e ideologias violentas. 

Operação Overlord  

O nome foi inspirado no codinome da ofensiva aliada na Normandia durante a Segunda Guerra Mundial, um marco decisivo na batalha contra o nazismo. Assim como essa histórica operação foi um esforço coordenado para libertar nações oprimidas, a Operação Overlord simboliza a determinação do MP e das forças policiais em combater e desmantelar grupos neonazistas e antissemitas, reafirmando o compromisso com a justiça e a proteção dos valores democráticos em nossa sociedade.

GAECO e CyberGAECO

 O Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (GAECO) é uma força-tarefa composta, em Santa Catarina, pelo Ministério Público, Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Penal, Receita Estadual e Corpo de Bombeiros Militar, e tem como finalidade a identificação, prevenção e repressão às organizações criminosas.   

O CyberGAECO 

É uma força-tarefa especializada, inserida na estrutura do GAECO, que tem o objetivo de identificar, buscar prevenir e reprimir infrações penais praticadas em ambientes virtuais.