Na data que marca o aniversário de 17 anos da morte do Promotor de Justiça catarinense Marcelo Henrique Câmara, nesta quinta-feira (20/3), a Arquidiocese de Florianópolis promoveu, na Catedral Metropolitana, o Jubileu do Mundo da Justiça, evento voltado a celebrar a atuação de todos os agentes de justiça, incluindo Promotores e Procuradores de Justiça, Advogados, Serventuários, Oficiais de Justiça, Magistrados e servidores do Ministério Público e do Poder Judiciário. Marcelo Câmara faleceu em 2008 e está em processo de beatificação na Igreja Católica, em Roma, na Itália. 

Com o encerramento da fase diocesana, no dia 6 de abril do ano passado, quando foi realizada a coleta de seus dados biográficos e depoimentos de pessoas que testemunharam sua trajetória, bem como análise teológica de seus escritos, a causa de beatificação e canonização de Marcelo Henrique Câmara está em Roma, aos cuidados do Dicastério para a Causa dos Santos. Segundo informações da Arquidiocese de Florianópolis, em janeiro de 2025, foi anunciada a Validade Jurídica do processo, o que significa que o inquérito diocesano realizado em Florianópolis, com depoimentos e documentos, foi verificado e aprovado.  

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O processo segue agora para a fase de elaboração da "POSITIO", documento que verificará o mérito da causa e o conteúdo da vida de virtudes do candidato a santo, com argumentos favoráveis à canonização. Na sequência estão previstas as etapas de declaração da venerabilidade; realização e comprovação de um milagre causado por sua intercessão; anúncio e celebração da beatificação; outro milagre; e o anúncio e celebração da canonização. 

Membros do MPSC acompanham processo 

 A Promotora de Justiça Marina Modesto Rabelo, que foi colega de turma de Marcelo Câmara durante o processo de ingresso no MPSC, participou da missa e proferiu um relato sobre o período em que conviveu com ele. "Deus comunica-se com palavras de sabedoria, mas também em momentos de silêncio. Como no `silêncio eloquente da lei', expressão do mundo jurídico, Marcelo também muito disse sem precisar de palavras. Na época do concurso, candidatos costumam reclamar muito das dificuldades de conciliar estudos com a rotina. Num desses momentos de muito barulho em sala de aula, antes do início da aula, Marcelo entrou, foi quando o vi pela primeira vez. Muito magro e com dificuldade de locomoção, usando muleta, ele adentrou à sala e um silêncio tomou conta do ambiente. Ao ouvir quem ele era, foi como se uma cortina se abrisse na nossa frente. A partir dali, cessaram as reclamações sem sentido, passamos a estudar não só por nós, mas por ele também. E assim, no silêncio eloquente de Deus, esperamos na fé o bom resultado desse lindo processo", disse.   

A Promotora de Justiça do MPSC, Márcia Aguiar Arend, presente na solenidade, também diz estar na torcida para que o ex-colega seja galgado ao status de santo, não só por tê-lo conhecido pessoalmente, mas pelos inúmeros relatos e graças que, segundo ela, estão sendo concedidas por seu intermédio. Márcia diz ter conhecido Marcelo Câmara quando ele já havia ingressado como membro do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), embora já tivesse ouvido informações a respeito de um menino que na época estava fazendo o concurso e que padecia das aflições de um câncer muito severo.  

"Eu já rezava por ele antes de conhecê-lo. Depois, quis Deus que eu tivesse o privilégio de atuar com ele na Comarca de São José. Marcelo dizia que a doença era só um caminho, uma alternativa para se aproximar mais de Deus e que a profissão era uma forma de continuar prestando e rendendo graças a Deus. Mesmo muito debilitado, muito fraco, ele estava sempre empolgado de fazer o seu trabalho", relata emocionada.