Operação foi apenas uma amostra do problema
Segundo informações apuradas pela 32ª PJ na Diretoria de Fiscalização e Obras da Secretaria Municipal de Urbanismo e Serviços Públicos (SUSP), de 2016 a 2020, foram autuados por algum tipo de irregularidade 7.718 imóveis em Florianópolis. Destes, 6.798 foram embargados e 634 submeteram-se às ações demolitórias, mas, de fato, apenas 85 foram demolidos.
Na Operação Embargo, em mais da metade dos endereços vistoriados (51,9%), as obras já haviam sido concluídas, mesmo após os embargos e o início dos procedimentos administrativos internos do Município para a demolição. Menos de uma a cada cinco obras embargadas estavam efetivamente paralisadas (18,5%). No restante, as obras continuavam em andamento. Em 63% dos locais vistoriados, os imóveis já estavam sendo usados como moradia.
Com base no resultado da Operação Embargo e nos números fornecidos pela própria Prefeitura Municipal, Locatelli afirma que "é notória a ineficiência fiscalizatória e jurídica para a adoção dos meios legais cabíveis, como multas, embargos e demolições, gerando o caos urbano e social, insegurança jurídica, crimes ambientais, perda de receita, precariedade das obras e riscos aos moradores".
Para o Promotor de Justiça, a ineficiência do poder público em coibir as ocupações irregulares e clandestinas, aliada às atividades construtivas e imobiliárias ilegais, geram impactos ambientais e sociais evidentes e possibilitam a proliferação de moradias em áreas de risco, sem acesso aos serviços públicos essenciais como energia elétrica, água, saneamento e saúde, o que acaba repercutindo na segurança pública. Na Operação Embargo, em um dos endereços vistoriados foram apreendidos 10 kg de drogas, entre maconha e cocaína, por exemplo.