O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), por meio da 37ª Promotoria de Justiça de Florianópolis, entregou, nesta terça-feira (15/10), à Vara do Tribunal do Júri da comarca, uma denúncia contra dois seguranças acusados de matar um homem após um desentendimento dentro de uma boate na região central de Florianópolis. Consta nos autos que, após uma discussão sobre o valor da conta do cliente, um segurança contratado pelo estabelecimento teria entrado em luta corporal com a vítima. Em ato contínuo, outro segurança, que era policial militar, fora do expediente da corporação, que atuava como segurança armado, também teria se envolvido no conflito. A vítima foi baleada e brutalmente pisoteada até morrer no local.  

Os fatos ocorreram no dia 8 de outubro, por volta de 6h30. A discussão teria começado entre um dos seguranças e a vítima, que não concordava com o valor cobrado em sua comanda. No momento da discussão, o segurança teria desferido uma cotovelada no rosto de um dos amigos da vítima, que, em razão da agressão, teria entrado em luta corporal com o empregado da boate.   

Em meio ao tumulto generalizado, um policial militar que estava fora do expediente da corporação militar e fazia serviço de segurança privado armado no local sacou sua pistola. Segundo a acusação, ele teria se envolvido entre as pessoas que tentavam separar a luta corporal, apontado a arma a curta distância em direção à vítima e a atingido com um tiro na região do tórax, fazendo com que caísse no chão. Ao constatar que a vítima estava subjugada, o outro segurança teria subido na vítima e pisoteado sua cabeça, de forma brutal e reiterada, resultando na sua morte.  

Na denúncia, o titular da 37ª PJ da Capital, Promotor de Justiça Jonnathan Augustus Kuhnen, alega que o policial militar utilizou um recurso que dificultou a defesa da vítima, surpreendendo-a durante uma briga com uma terceira pessoa ao atirar em curta distância e atingi-la em uma parte vital. Ademais, a ação do militar teria colocado em risco a vida das pessoas que estavam no local, resultando em perigo comum, já que havia aglomeração de pessoas ao redor da luta corporal e o local era pequeno.  

Com relação ao segurança que iniciou o conflito, Kuhnen sustenta que o denunciado empregou meio cruel ao pisotear a vítima em uma região vital (cabeça), ao menos seis vezes, logo após ser atingida por um tiro. O ato, segundo o Promotor de Justiça, revela uma brutalidade imoderada, que gerou sofrimento desnecessário à vítima.  

Com o aceite da denúncia formulada pela 37ª Promotoria de Justiça, os dois denunciados assumirão a condição de réus e serão submetidos a julgamento perante o Tribunal do Júri.