Outro programa do MPSC/CCO e apoiado pelo FCCIAT é o Qualidade da Água, que monitora o nível de contaminação por resíduos de agrotóxicos dos mananciais que abastecem a população das maiores cidades catarinenses.
Esses programas contam com equipes técnicas e pesquisadores de laboratórios e universidades públicos e privados e essa forma de trabalho serviu de modelo para o FNCIAT propor e aprovar, na reunião de hoje, a criação de um comitê técnico-científico para auxiliar a embasar as estratégias e proposições de políticas públicas do Fórum Nacional. O estudo para a implantação do comitê ficou a cargo do vice-Coordenador do FCCIAT, o Vereador de Florianópolis marcos José de Abreu, o Marquito.
Palestras e roda de conversa alertam para os riscos do uso abusivo e indiscriminado de agrotóxicos
À tarde, a programação foi voltada à apresentação de estudos que demonstram os efeitos da contaminação de alimentos e da água por resíduos de agrotóxicos.
O médico pneumologista e pesquisador Pablo Moritz apresentou a palestra "Impactos dos Agrotóxicos na Saúde Humana". O médico faz parte de um grupo de pesquisadores que participam, desde 2015, dos estudos encomendados pelo Ministério da Saúde para elaborar as Diretrizes Brasileiras sobre a Exposição Crônica a Agrotóxicos. O documento está em fase de revisão, mas já gerou diversos artigos científicos publicados com as conclusões de diferentes trabalhos.
Moritz demonstrou que já está comprovado que os bebês gerados por pais que foram expostos a agrotóxicos um ano antes da concepção da criança já sofrem os impactos das substâncias tóxicas. Segundo ele, as pesquisas demonstraram que mesmo os pais que moram em um raio de até dois quilômetros das áreas de aplicação de agrotóxicos ficam expostos à contaminação.
Na roda de conversa sobre o PL nº 6.299/2002, Sonia Corina Hess, pós-doutora em Química e professora aposentada da UFSC, que coordena o monitoramento dos mananciais do Programa Qualidade da Água foi categórica: "Nós estamos sendo envenenados diariamente pelos resíduos de agrotóxicos".
Hess constatou a presença de agrotóxicos em níveis bem acima do que é tolerado na União Europeia nos mananciais de água que abastecem a população de 43 municípios catarinenses, entre os 88 pesquisados. Para ela, o maior problema é a legislação brasileira que, além de permitir o uso de substâncias na lavoura e na pecuária que já estão proibidas em outros países por serem comprovadamente nocivas à saúde animal e humana, ainda determina como limites aceitáveis de presença na água volumes bem maiores do que os aceitos nos países mais desenvolvidos.