Ministério Público atua para promover transparência em sites dos executivos e legislativos municipais
Na entrevista abaixo, o Promotor de Justiça Samuel Dal-Farra Naspolini, Coordenador do Centro de Apoio Operacional da Moralidade Administrativa (CMA) do MPSC, explica como funciona o programa.
MPSC: Por que o programa Transparência e Cidadania foi criado?
Samuel Dal-Farra Naspolini: O programa foi lançado no final de 2013. Nessa época, a Lei de Acesso à Informação já estava em vigor há algum tempo e observamos uma profunda inadequação entre os portais municipais e o que a lei exigia. Além de auxiliar no controle da administração pelo Ministério Público, o programa é relevante para o pleno exercício da cidadania, já que as informações contidas nos sites de governo viabilizam o controle social, exercido diretamente pelo cidadão eleitor.
MPSC: Como funciona o programa?
Samuel Dal-Farra Naspolini:O Centro de Apoio Operacional da Moralidade Administrativa formatou uma tabela para diagnóstico dos portais a partir das exigências da Lei de Acesso à Informação. Entre fevereiro de 2014 e o início de 2015, a equipe do CMA avaliou os sites de todas as prefeituras e câmaras de vereadores de Santa Catarina. O check-list que indica as falhas encontradas é remetido à Promotoria de Justiça que atua na respectiva região. A partir daí, os Promotores de Justiça atuam, chamando os representantes de prefeituras e câmaras de vereadores para dialogar sobre as falhas e definir prazos para as melhorias necessárias, via de regra, por meio dos termos de ajuste de conduta (TACs). Temos um modelo padrão de acordo, mas o Promotor de Justiça pode aumentar as exigências do TAC, dependendo da realidade local, assim como prefeituras e câmara de vereadores também podem publicar informações que não constam no termo. Estamos focados no que chamamos de transparência ativa, que envolve as informações que devem estar disponíveis no site sem a necessidade de um requerimento pelo cidadão.
MPSC: Quais os resultados do programa?
Samuel Dal-Farra Naspolini: Avaliamos os sites das 295 prefeituras e 295 câmaras de vereadores. Tivemos a instauração pelos Promotores de Justiça de 92 procedimentos preparatórios, 252 inquéritos civis, quatro recomendações e nove ações civis públicas, além de 30 termos de ajustamento de conduta com prefeituras e 32 com câmaras de vereadores. Os resultados são extremamente positivos. Priorizamos, principalmente, o modelo consensual no intuito de evitar o ajuizamento de demandas, quando possível. O número de ações civis públicas é pequeno perto do resultado do programa e das melhorias alcançadas. O programa continua e neste momento estamos reavaliando os sites de prefeituras e câmaras que já realizaram atualizações como parte dos procedimentos instaurados pelos Promotores de Justiça. Futuramente, faremos a análise da adequação do Governo do Estado à Lei de Acesso à Informação. É certo, ainda, que o tempo exigirá adequações nos modelos de transparência para acompanhar as atualizações tecnológicas que permitam a publicação de novas informações e a evolução da demanda social.
Os sites de todos os municípios presentes no ranking foram analisados pelo Ministério Público. Em Apiúna e Correia Pinto, as prefeituras assinaram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o MPSC em fevereiro e em março deste ano, respectivamente, para adequar os sites da Administração Municipal. Em Frei Rogério, não foi necessário TAC, pois o site atendia à legislação e, em Imbuia, as deficiências foram resolvidas após reuniões entre prefeitura e Ministério Público, sem a necessidade da assinatura do termo. Em Monte Carlo, foi assinado TAC no mês de maio para a resolução de dois itens da lei que não estavam sendo atendidos e, em Florianópolis e Bombinhas, a prefeitura e o Ministério Público estão conversando sobre as mudanças necessárias.
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