Instrumentalizar a identificação de sinais de alerta e de comportamentos abusivos é uma das maneiras de auxiliar mulheres no enfrentamento à violência doméstica e familiar. Esse é o objetivo do Termômetro da Violência Doméstica, desenvolvido pelo Núcleo de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar (NEAVID) do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC). 

A ferramenta, inspirada no Termômetro da Violência do Ministério Público do Mato Grosso do Sul, será lançada no dia 2 de agosto, durante o 3º Ciclo de Diálogos sobre a Lei Maria da Penha. O evento, também promovido pelo MPSC, marca o início do Agosto Lilás, mês dedicado ao enfrentamento da violência contra as mulheres.  

O Termômetro, que estará disponível no site do MP catarinense, funciona como um quiz de 22 opções que a usuária deve preencher caso identifique essas situações em seu relacionamento. O preenchimento é feito de forma completamente anônima. Veja as opções que estarão disponíveis no Termômetro da Violência Doméstica:  

Meu companheiro/minha companheira... 

  • "com frequência mente ou me engana." 
  • "diz que minhas amigas/amigos ou familiares não gostam de verdade de mim ou que não me fazem bem e, por isso, eu deveria me afastar delas/dele." 
  • "me ofende, despreza ou humilha."  
  • "diz que eu jamais encontrarei outra pessoa porque ele/ela é o único/a que aceita ficar comigo." 
  • "cobra que eu responda suas mensagens assim que manda e me liga ou me ofende por mensagem se não respondo na hora." 
  • "mexe no meu celular sem minha permissão." 
  • "me culpa por erros dele/dela." 
  • "controla aonde eu vou, com quem eu estou, a que horas eu volto." 
  • "controla a roupa que uso, se uso ou não maquiagem e/ou salto alto." 
  • "quebrou um objeto em uma briga que tivemos." 
  • "já me empurrou." 
  • "já levantou a mão para mim, ameaçando me bater." 
  • "faz brincadeiras agressivas." 
  • "proferiu ameaças com faca, cinto, arma ou outros objetos." 
  • "proferiu ameaças de morte." 
  • "impediu que eu saísse de casa."  
  • "já me agrediu fisicamente, deixando ou não marcas no meu corpo." 
  • "já me obrigou a ter relações sexuais quando eu não queria." 
  • "tocou no meu corpo quando eu não queria." 
  • "se recusou a usar camisinha (preservativo) durante a relação sexual ou a tirou durante a relação sem minha autorização." 
  • "obrigou que eu parasse de tomar anticoncepcional." 
  • "nenhuma dessas opções. Sinto que sou respeitada por ele/ela." 

Com base nas respostas, a ferramenta indica quatro cenários: 

  • "Você não relatou comportamentos violentos em seu relacionamento. Continue atenta e buscando por informações sobre o tema." 
  • "Fique atenta! A violência parece estar presente no seu relacionamento." 
  • "Peça ajuda, denuncie! Os comportamentos que você indicou sugerem uma situação de violência doméstica e familiar." 
  • "Sua vida está em perigo! Denuncie! Parece haver um contexto de violência em seu relacionamento!" 

De acordo com o cenário, a página indica que a usuária tome determinadas ações. Ela pode preencher a cidade em que reside (sem que essa informação seja divulgada) e o Termômetro exibe as Promotorias de Justiça em que é possível buscar auxílio naquela localidade. 

A página também indica que a usuária conte com o apoio de pessoas próximas, profissionais da saúde ou da assistência social. Além disso, o Termômetro mostra informações relevantes, como o número da Polícia Militar (190) e um link para a campanha sobre a violência contra a mulher.  

Em caso de dúvidas sobre o formulário, a usuária deve entrar em contato com o NEAVID pelo e-mail neavid@mpsc.mp.br, pelo telefone (48) 3330-9409 ou pelo WhatsApp (48) 9133-2511. 

Para a integrante do NEAVID e coordenadora do Centro de Apoio dos Direitos Humanos e Terceiro Setor, Promotora de Justiça Ana Luisa de Miranda Bender Schlichting, o termômetro possibilitará que mulheres acessem informações importantes sobre a violência doméstica e familiar. "Por meio dele conseguem perceber sinais de alerta em seus relacionamentos e procurar apoio nos serviços da rede de enfrentamento, incluindo as Promotorias de Justiça", complementa.

3º Ciclo de diálogos sobre a Lei Maria da Penha 

O MPSC promove, no dia dois de agosto, o 3º Ciclo de Diálogos sobre a Lei Maria da Penha. O evento será realizado no auditório do edifício-sede do MPSC, em Florianópolis, das 14h às 19h, e de forma on-line pelo Teams. A participação é gratuita e destinada a todos os interessados no tema. As inscrições precisam ser feitas previamente no site do CEAF Virtual

A programação conta com palestras sobre direitos humanos e relações de gênero; o compartilhamento de boas práticas no âmbito do MPSC; o trabalho do Núcleo de Atendimento a Vítimas de Crimes (NAVIT); e a proteção integral da mulher e a violência que transborda. Para mais informações sobre o evento, clique aqui.  

Palestras em empresas 

Em agosto o NEAVID também vai retomar as palestras de enfrentamento à violência contra a mulher, realizadas por meio da campanha "Oi, meu nome é Maria". Desta vez empresas catarinenses receberão a iniciativa. Em 2022, na época de lançamento da campanha, as palestras foram ministradas por Promotores e Promotoras de Justiça atuantes na área da violência doméstica em escolas de diversas regiões em Santa Catarina.