A Mata Atlântica é um dos sistemas mais explorados e devastados pela ocupação humana: cerca de 70% da população brasileira vive em território antes coberto por ela - daí a importância da preservação do que ainda resta do bioma, fundamental para questões como a qualidade do abastecimento de água nas cidades.
O bioma ocupa uma área de 1.110.182 km², equivalente a 13,04% do território nacional, e abriga diversas formações florestais (floresta ombrófila densa, floresta ombrófila aberta, floresta estacional semidecidual, floresta estacional decidual e floresta ombrófila mista, também denominada de Mata de Araucárias), além de ecossistemas associados (restingas, manguezais, campos de altitude, brejos interioranos e encraves florestais).
A Coordenadora do CME destacou, ainda, a importância de manguezais e restingas - o primeiro, por ser um estuário de várias formas de vida animal, e o segundo, pela proteção dos terrenos costeiros em relação às marés. "Tivemos polêmica no início da semana com a revogação de resoluções que protegiam esses ecossistemas, pelo CONAMA e pelo Ministério do Meio Ambiente. Felizmente este retrocesso foi revertido por decisão judicial", completou.*
De acordo com o último levantamento feito pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo INPE, apenas 12,4% de sua área original continua em pé no País. Em Santa Catarina, entre 2016 e 2017, foram suprimidos 595 hectares. Entre 2017 e 2018, foram perdidos 905 hectares. Nesse período, houve, portanto, um aumento de 52% no desmatamento em Santa Catarina, o que fez com que o estado passasse a ocupar, no período, o quinto lugar no ranking de desmatamento do bioma.
"A Mata Atlântica é fundamental para garantir a nossa qualidade de vida. Ela está presente, por exemplo, em áreas urbanas e rurais ainda intocadas pelo homem, mas vem sofrendo com intensa pressão da expansão urbana, da agropecuária, da exploração de espécies vegetais e da industrialização. Por isso, mais do que nunca, é preciso proteger o que ainda resta dela. É uma questão de sobrevivência", concluiu Luciana Cardoso Pilati Polli, Promotora de Justiça e Coordenadora do CME.
* Atualizada às 17h30: após a entrevista coletiva, o Desembargador Federal Marcelo Pereira da Silva, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, acatou recurso do Governo Federal e tornou válida novamente a revogação da lei de proteção ambiental nas áreas de manguezais e restingas.