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Na tarde desta quinta-feira (1º/8), foi aberta da exposição fotográfica "Não cale a sua voz!", alusiva ao Agosto Lilás, mês de combate à violência contra a mulher, no  Ministério Público de Santa Catarina (MPSC). Vinte e duas fotografias de mulheres vítimas de violência compõem a exposição. O objetivo da mostra é promover a reflexão, a conscientização e a possibilidade de ressignificação, de forma vitoriosa, da trajetória das vítimas. O evento contou com o apoio do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional do MPSC, por meio do Setor de Memorial, e foi realizado na sede da Procuradoria-Geral de Justiça, em Florianópolis. A exposição ficará disponível para visitação até o dia 16 de agosto.  

VEJA AQUI AS FOTOS DO EVENTO.

A cerimônia de abertura teve a participação do Procurador-Geral de Justiça, Fábio de Souza Trajano, que fez uma homenagem à idealizadora da exposição, Anna Paula Nienkotter, e às mulheres retratadas. "A mostra vem a retratar um dos momentos mais importantes da quebra do ciclo de violência contra a mulher, que é a ruptura da barreira de silêncio. Esse processo induz a autoconscientização das demais vítimas, que ao externalizarem o sofrimento, permitem que o Ministério Público e toda a rede de enfrentamento possam ser chamados a agir ", declarou.  

Além de idealizadora da mostra "Não cale a sua voz!", Anna Paula Nienkotter é coordenadora de um projeto homônimo que busca combater a violência de gênero. "A violência muitas vezes parece distante, mas ela está presente em nossos lares. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública revela que a violência é uma realidade alarmante no nosso país, com uma mulher estuprada a cada seis minutos. Precisamos falar sobre isso e unir forças para transformar nossa sociedade. Agradeço a cada mulher que participou da exposição e compartilhou sua história. Cada história é um renascimento, e é fundamental que continuemos a falar sobre isso e a apoiar a mudança. Amanhã teremos o 3º Ciclo de Diálogos sobre a Lei Maria da Penha e debates essenciais. O trabalho do Ministério Público é fundamental, e eventos como este ajudam a avançar na luta contra a violência", ressaltou.  

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A coordenadora-geral do Núcleo de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar e contra a Mulher em Razão de Gênero (NEAVID), Promotora de Justiça Carla Mara Pinheiro, reiterou que "a maior felicidade é poder ver esta exposição ao vivo e surpreender-me ainda mais com o renascimento dessas mulheres". "Vê-las tão lindas e fortalecidas é inspirador. Gostaria de parabenizá-las pela coragem de denunciar, de não calar suas vozes e por estarem aqui hoje. Sabemos que a luta é constante e não se resolve da noite para o dia, mas é gratificante ver os resultados", frisou. 

As fotografias foram registradas por Nórton José, que se orgulha de retratar um tema tão deliciado e importante. "Eu conversei com cada uma das mulheres para tentar transmitir, por meio da fotografia, a dor que elas sentem. É um desafio retratar essa dor, mesmo para aquelas que já conseguiram renascer. A dor que elas carregam é uma parte da história delas, um sofrimento intenso pelo qual passaram. Meu objetivo era mostrar que elas mereciam ser valorizadas e que estavam realmente felizes ao superar essa dor, mesmo que a cicatriz continue presente", disse. 

"Devemos trabalhar com campanhas preventivas, não apenas punitivas. A Lei Maria da Penha, que completará 18 anos, ainda se concentra na esfera criminal, e muito ainda precisa ser feito em termos de conscientização preventiva. Os números que indicam o aumento da violência podem refletir, na verdade, um maior número de denúncias e maior acesso à informação. Por isso, é importante continuar falando sobre o tema, mesmo que isso possa parecer cansativo. A violência doméstica é uma questão persistente e devemos continuar investindo na capacitação de profissionais e na promoção de um atendimento humanizado", enfatizou Katia Corrêa Quintanilha Soares, advogada que atua no campo da violência contra a mulher e uma das retratadas na exposição fotográfica.  

As fotos evidenciam casos de violência em diversos âmbitos - doméstico, obstétrico, político e sexual - e tratam de casos de assédio sexual e violência contra mulheres trans. Além da fotografia, a mostra conta com um pequeno texto explicativo abaixo de cada um dos registros relatando quais situações de violência foram enfrentadas por aquela mulher.  

A exposição está dividida em duas categorias: a de fotografias coloridas, que contêm o rosto das vítimas e ressaltam histórias de superação da violência; e a de fotografias em preto e branco, que registram vítimas de violência que estavam em uma casa de acolhimento de Florianópolis. Para proteger a identidade das vítimas, na mostra, elas receberam o nome de flores. 

Onze das mulheres que foram registradas nas fotografias também participaram da cerimônia de abertura e receberam rosas brancas entregues por diversas mulheres membras e servidoras do MPSC. Anteriormente, em novembro de 2023, a mostra esteve na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, no Espaço Cultural Cruz e Sousa. 



AGOSTO LILÁS

A exposição fotográfica faz parte da campanha "Oi, meu nome é Maria", organizada pelo Núcleo de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar e contra a Mulher em Razão de Gênero (NEAVID) em alusão ao aniversário da Lei Maria da Penha (11.340/2006). Além da mostra, novas iniciativas são promovidas pelo MPSC neste mês de conscientização.     

O Ciclo de Diálogos sobre a Lei Maria da Penha ocorrerá de modo presencial e on-line na sexta-feira (2/8). No mesmo dia, o Ministério Público lançará o Termômetro da Violência Doméstica, uma ferramenta para auxiliar a identificar situações de alerta nos relacionamentos. Durante o mês de agosto, o NEAVID também vai retomar as palestras de enfrentamento à violência contra a mulher; desta vez, o público-alvo serão os colaboradores de empresas catarinenses.