Melhorias na atuação preventiva da atenção básica de saúde e de combate à dengue foram constatadas pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) em Itapoá, no Norte do estado. Houve ganhos no trabalho das equipes do setor epidemiológico e na investigação de casos, além da ampliação de medidas práticas de prevenção. Os trabalhos foram resultado de um inquérito civil instaurado pela 2ª Promotoria de Justiça da comarca. Com isso, a apuração foi arquivada e homologada pelo Conselho Superior do Ministério Público (CSMP).

Itapoá, com 30,7 mil habitantes, enfrentava deficiência no combate à proliferação do mosquito Aedes aegypti (transmissor de dengue, chikungunya e zika), notadamente na composição da equipe de agentes de combate às endemias e nas ações de monitoramento. O MPSC abriu uma apuração e cobrou providências, ainda em abril deste ano, diante da constatação do quadro de precariedade na prestação dos serviços e dos constantes crescimentos de registros de focos do Aedes aegypti e de casos de dengue em Santa Catarina.

A 2ª Promotoria de Justiça da comarca emitiu uma recomendação ao Município com uma série de quesitos para reforçar a fiscalização - entre elas, a adequação do número de agentes de combate às endemias. As medidas foram acatadas pela Prefeitura e surtiram efeito especialmente na coordenação e gestão da vigilância em saúde, no monitoramento epidemiológico, na investigação de casos, na integração intersetorial e territorial, no controle do vetor, na aplicação de inseticidas e na educação permanente com mobilização social.

O Promotor de Justiça Luan de Moraes Melo, titular da 2ª Promotoria de Justiça de Itapoá, destaca a importância da priorização de ações preventivas pelo SUS, conforme prevê a Constituição Federal, no artigo 98, inciso II. Ele considera ter havido importantes resultados para a população com a atuação nessa área junto ao Município. "Investir na atenção básica é não apenas eficiente, mas constitucionalmente obrigatório. Os estudos técnicos demonstram que os investimentos na atenção primária e à saúde, especialmente na saúde preventiva, podem resolver até 85% dos casos tratados no SUS, reduzindo internações e mortalidade por doenças evitáveis como a dengue", explica o Promotor de Justiça.

No caso de Itapoá, ressalta Melo, os trabalhos de reforço preventivo ocorreram para melhorar a atenção precoce nessas unidades básicas de saúde, aliada à vigilância epidemiológica, o que permite identificar e conter surtos com menor custo e maior efetividade.

Medidas alcançadas

Ficou demonstrado no decorrer da apuração que Itapoá está seguindo as diretrizes do Programa Nacional de Controle da Dengue e da Diretoria de Vigilância Epidemiológica, com ações efetivas de vigilância epidemiológica, incluindo a notificação e o encerramento oportuno de todos os casos suspeitos, a busca ativa de 100% dos casos, a investigação de óbitos e o monitoramento contínuo da curva epidemiológica.

Capacitações estão sendo realizadas de forma contínua, incluindo cursos on-line, webconferências e treinamentos específicos para agentes e demais profissionais da saúde. Entre as estratégias adotadas destaca-se uma barreira educativa em março, com distribuição de materiais informativos à população. O plano de contingência está em processo de atualização, em parceria com a Regional de Saúde, e está prevista a criação de um comitê intersetorial para controle do Aedes aegypti. Ações e informações são divulgadas regularmente nos canais oficiais da Prefeitura. Em investimentos, foram adquiridos equipamentos para fortalecer a estrutura de resposta.

Apoio técnico e interlocução

O MPSC atua em diversas frentes na defesa da saúde. Além das Promotorias de Justiça, o Centro de Apoio Operacional da Saúde Pública também tem atuado nesse tema. A equipe faz o acompanhamento das políticas públicas de saúde e a interlocução com órgãos públicos e entidades da área e presta apoio técnico-jurídico às Promotorias de Justiça de todo o estado na prevenção e no combate à dengue, entre outras endemias.

Homologação

Com o arquivamento do inquérito civil pela 2ª Promotoria de Justiça da comarca, o caso foi encaminhado para análise do Conselho Superior do Ministério Público (CSMP). Em sessão no dia 6 de agosto, a 3ª Turma Revisora decidiu, por unanimidade, que houve uma atuação diligente da Promotoria de Justiça e homologou o arquivamento.

"A recomendação tem se mostrado um importante instrumento à disposição do Ministério Público, principalmente na sua atuação preventiva. E o controle do Aedes aegypti é de suma importância, assim como toda e qualquer outra política pública que precisa ser observada no âmbito dos municípios. A recomendação, quando ela atinge esse efeito de que é acatada diretamente, não só no papel mas com ações práticas e contundentes, como foi o caso em Itapoá, coroa o trabalho ágil, célere, solidário, participativo e resolutivo do Ministério Público", declarou o conselheiro relator do caso, Procurador de Justiça Paulo Antonio Locatelli.

Além do relator, votaram pela homologação a conselheira Cristiane Rosália Maestri Böell, que presidiu o julgamento, e o conselheiro Abel Antunes de Mello.

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A instância revisora

As Turmas Revisoras do CSMP têm como função avaliar se os arquivamentos feitos pelas Promotorias de Justiça devem ser homologados, encerrando os procedimentos, ou se há necessidade de continuidade das investigações. Quando discordam do arquivamento, os autos são encaminhados à Procuradora-Geral de Justiça, que designa outro Promotor de Justiça para dar prosseguimento ao caso. As turmas também analisam pedidos de prorrogação de prazos e de redistribuição de atribuições em investigações que envolvam suspeitas de improbidade administrativa.

Prevenção

O mosquito Aedes aegypti é responsável pela transmissão de várias doenças graves, sendo a dengue a mais conhecida, que atinge milhares de pessoas no Brasil todos os anos. Além da dengue, ele pode transmitir outras doenças, como chikungunya, zika e até febre amarela.

Para combater essas doenças, o foco deve ser a eliminação do mosquito, que é possível principalmente pela remoção de água parada, onde a fêmea do mosquito deposita seus ovos. Quando os ovos entram em contato com a água, eles se desenvolvem e se transformam em mosquitos adultos, dando início ao ciclo de transmissão. Portando, prevenir-se e ter consciência sobre o problema fazem a diferença.

Como ajudar a combater o mosquito

Lixo

Coloque o lixo em sacos plásticos e mantenha a lixeira bem fechada.

Não jogue lixo em terrenos baldios.

Jogue no lixo todo objeto que possa acumular água, como embalagens usadas, potes, latas, copos e garrafas vazias.

Mantenha o saco de lixo bem fechado e fora do alcance de animais até o recolhimento pelo serviço de limpeza urbana.

Planta e jardins

Encha de areia até a borda os pratinhos dos vasos de planta.

Se você não colocou areia e acumulou água no pratinho da planta, lave-o com escova, água e sabão. Faça isso uma vez por semana.

Se você tiver vasos de plantas aquáticas, troque a água e lave o vaso, principalmente por dentro, com escova, água e sabão pelo menos uma vez por semana.

Caixas d'água, calhas, lajes, banheiros

Não deixe acumular água da chuva sobre a laje.

Remova folhas e galhos das calhas.

Mantenha a caixa d'água sempre fechada com tampa adequada.

Coloque uma tela fina sobre os ralos para impedir o acesso do mosquito à água.

Os vasos sanitários de pouco uso devem ser tampados e verificados semanalmente.

Tonéis e depósitos de água

Mantenha bem tampados tonéis e barris d'água.

Lave semanalmente por dentro com escova e sabão os tanques utilizados para armazenar água.

Lave, principalmente por dentro, com escova e sabão os utensílios usados para guardar água em casa, como jarras, garrafas, potes, baldes etc.

Clique aqui e veja mais sobre o trabalho do MPSC contra a dengue.

(Inquérito Civil n. 06.2025.00001280-2)