Preservar a memória para documentar a evolução da Justiça
Como salienta o Promotor de Justiça Willian Valer na ação, historiadores e até mesmo a jurisprudência dos tribunais superiores explicam que o valor histórico de um imóvel não pode ser avaliado apenas pela arquitetura ou beleza estética de uma edificação.
Na ação, Valer aponta que "há evidente necessidade de valorizar referenciais históricos. Eles são testemunhos não apenas da trajetória [...], mas também da evolução do pensamento, da legislação".
Como atesta a historiadora Mônica Hass, doutora em Sociologia Política e autora da obra "O linchamento que muitos querem esquecer", citada pelo Promotor de Justiça, apesar "das divergências que possam haver sobre o imóvel, preservá-lo é uma forma de alerta para as gerações futuras desta cidade sobre as consequências de se fazer justiça com as próprias mãos".
Com a proporção adequada, o Promotor de Justiça compara o caso com a preservação das ruínas do Muro de Berlin e dos campos de concentração, na Alemanha, que tem como objetivo resguardar as cicatrizes das feridas que marcaram a história e para que os sofrimentos causados por ações que nunca deveriam ter sido praticadas não sejam esquecidas e repetidas: "Aqui, o Moinho é o retrato da cicatriz chapecoense", conclui.
Legendas das fotos: (de cima para baixo) 1) foto do linchamento, publicada nos jornais da época; 2) escombros da igreja católica incendiada no Centro de Chapecó; 3) construção da sede do Moinhos Santo Antônio no ano de 1949, o maior edifíco da cidade na época; 4) prédio nos dias de hoje; 5) prédio quando era a sede do Moinho Santo Antônio em atividade; 6) interior do prédio nos dias de hoje; 7) trecho do processo criminal do linchamento.