Com mais de 400 pessoas inscritas para acompanhar presencialmente e virtualmente, o evento "Equidade racial, sistema de justiça e aspectos criminais", promovido pelo Núcleo de Enfrentamento a Crimes Raciais e de Intolerância (NECRIM) do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) nesta sexta-feira, dia 1° de março foi marcado pela discussão de temas relacionados à equidade racial no Sistema de Justiça.
A Coordenadora do NECRIM e do Centro de Apoio Operacional dos Direitos Humanos e Terceiro Setor (CDH), Ana Luisa de Miranda Bender Schlichting destacou o objetivo de provocar a reflexão a respeito da temática da desigualdade racial para que seja possível avançar em ações concretas de mudança dessa realidade.
Segundo Schlichting, a realidade em que vivemos não é ocasional, ela é fruto de um sistema que se perpetua pelo tempo e que estrutura nossa sociedade, tornando essa desigualdade uma realidade até os dias de hoje. "Para atuar de maneira antirracista precisamos ir muito além dos mandamentos de não ofender e não discriminar pessoas negras, é necessário compreender que o racismo é um problema de toda a sociedade e adotar genuinamente práticas ativas para mudar essa realidade".
A Promotora de Justiça destacou também as ações já realizadas pelo MPSC, buscando tornar a instituição cada vez mais diversa, representativa, capacitada e sensível. "Há preocupação muito grande sobre as formas de impulsionar a diversidade no processo de ingresso na carreira do MPSC para além das cotas raciais. Assim surgiu um pedido formulado para a Associação Catarinense do MP para a concessão de bolsas para pessoas negras e pessoas com deficiência nos cursos de ingresso na carreira, para que as chances de competitividade nos concursos de Carreira do MPSC pudessem aumentar", declarou.
O Procurador-Geral de Justiça, Fábio de Souza Trajano, celebrou a presença de tantas pessoas no evento e afirmou que esta é uma representação da importância da discussão desse assunto. "Eu sei que vamos deixar muitas sementes a partir do vai ser debatido aqui. Esse momento demonstra a importância da nossa instituição de compreender as questões de desigualdade racial e trabalhar, cada vez mais, pelo respeito a diversidade. O papel do MPSC é atuar no fomento de ações de transformação dessa realidade junto as Promotorias de Justiça e trabalhar pela união de instituições, governamentais ou não, preservando o direito fundamental da defesa da identidade", afirmou. "Queremos trabalhar para educar e reprimir ações de discriminação racial não apenas na área criminal, mas também na criação de políticas públicas", completou.