A integração e o espírito de parceria são notáveis entre os membros do grupo. Um dos momentos mais emocionantes relatados pela acadêmica Millena foi quando um apenado voltou de uma saída temporária sem consumir drogas.
"Ele voltou nos relatando que ficou muito feliz por ter se mantido longe das drogas e isso para nós foi muito enriquecedor. Ficamos muito felizes por estarmos conseguindo construir essa esperança. Cada relato que eles trazem é sempre uma troca muito grande para todos do grupo, deixando todos muito motivados. O grupo como um todo criou uma identidade muito grande. Quando nós fizemos as entrevistas individuais para ver quem gostaria de participar, houve certa resistência, eles estavam mais inseguros, mas agora, ao decorrer do grupo, a gente vê uma mudança bem clara do engajamento deles", relata Millena.
Além de tratar a dependência química, o projeto visa resgatar a humanidade dos detentos. Durante os encontros, os participantes relembram suas trajetórias, traçam metas, fortalecem habilidades e planejam o futuro.
A professora Larissa de Abreu Queiroz, que é especialista no tema e orienta as acadêmicas que executam os encontros, explica que o programa tem o objetivo de auxiliar os apenados no preparo para o retorno do convívio em sociedade no que diz respeito ao uso de drogas, mas a abordagem tem sido no lado humano de cada um. "Nas ações que temos feito aqui no presídio, o nosso foco é principalmente as pessoas, os seres humanos, porque antes de tudo, antes de serem dependentes de drogas, antes de serem apenados, eles são pessoas, que têm sentimentos, que têm história de vida, família, que precisam estar ressignificando toda uma existência e uma forma de viver, para que consigam ter mais qualidade de vida e especialmente mais saúde mental", explica a professora.
Projeto entra na grade curricular do curso de Psicologia
Além do impacto positivo imediato na vida dos detentos, o projeto se expande. A partir do próximo semestre, a Unesc incluirá a participação dos acadêmicos nos grupos terapêuticos como parte da grade curricular do curso de Psicologia. Estudantes do sétimo semestre terão a oportunidade de estagiar no presídio, reforçando a continuidade dessa iniciativa transformadora.
"A Unesc tem sido nossa mão amiga, que tem a mão de obra qualificada para conseguirmos fazer esse projeto. Com esse estágio permanente nós finalizamos agora neste semestre o primeiro grupo e no próximo semestre já iniciamos o próximo. Isso torna nosso projeto atemporal e eu fico imensamente feliz", celebra o Promotor de Justiça.
Para a professora da Universidade, a parceria traz ainda mais conhecimento para os acadêmicos. "A Universidade fica muito satisfeita de podermos estar trazendo mais conhecimento, incentivando o trabalho da psicologia social e contribuindo mais ainda para a comunidade e sociedade dentro desse trabalho. Está sendo muito satisfatória essa parceria entre a Universidade, o Ministério Público e o Presídio para que a gente possa trazer essa ideia inovadora e que a gente acredita que está contribuindo bastante", relata Larissa.
Ao fim de cada semestre, os alunos deverão apresentar os resultados, evoluções e observações de cada grupo, aprimorando ainda mais o projeto.