Eram sete e meia da manhã do dia 24 de julho, quando a família de Gean Robert Gonçalves Wolski, vítima de um homicídio, realizou uma manifestação pacífica na entrada do Fórum da Comarca de Mafra. Familiares e amigos se reuniram clamando por justiça.
Vestindo camisetas brancas estampadas com a foto do jovem e a palavra ''Justiça'', os manifestantes formaram um corredor silencioso, segurando cartazes com mensagens de dor, saudade e esperança. O clima era de emoção e respeito. A manifestação foi organizada pela mãe da vítima como forma de homenagear sua memória. ''Espero que a justiça divina seja feita pelas mãos dos homens'', disse Rose Bueno de Lima.
Era um momento de esperança para os familiares. Ao completar 9 anos da data do crime, o julgamento dos quatro homens, denunciados pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) por envolvimento em um ataque armado que resultou na morte do jovem Gean e deixou outras duas pessoas feridas, estava marcado e iniciaria às 9 horas de quinta-feira (25/7). O crime que tirou a vida da vítima ocorreu na noite de 22 de julho de 2016, no bairro Amola Flecha, em Mafra.
Após dois dias de julgamento, os quatro homens foram condenados. As penas para cada os réus Alisson Passerino Costa, Luciano Carneiro de Souza Junior, Adilson Costa e Ademir Mamede foram fixadas, respectivamente, em 60 anos de reclusão, 65 anos de reclusão, 59 anos e quatro meses de reclusão e 60 anos de reclusão, todos em regime inicial fechado - que podem ser objeto de reforma nas instâncias superiores.
A ação penal pública ajuizada pela 2ª Promotoria de Justiça da Comarca de Mafra descreve que o grupo teria agido motivado por vingança após uma briga ocorrida no interior de um bar, envolvendo um dos réus e a vítima Gean. Após o desentendimento, Alisson e Ademir deixaram o local e se reuniram com os outros dois para planejar e executar o ataque contra as vítimas.
Consta na peça acusatória que, armados, os quatro se posicionaram em um matagal próximo à residência das vítimas e atiraram contra Gean, seu pai e o amigo, que haviam retornado do bar. O jovem morreu no local, enquanto o pai e o amigo sofreram ferimentos graves, mas sobreviveram após receberem atendimento médico. A denúncia narra ainda que os disparos foram realizados pelas costas, impossibilitando qualquer reação das vítimas.
As Promotoras de Justiça Rayane Santana Freitas e Fernanda Priorelli Soares Togni atuaram na sessão do Tribunal do Júri e demonstraram, durante os debates entre acusação e defesa, as provas que confirmaram a autoria dos atos criminosos.