Saúde mental e(m) rede
A vida em rede nos coloca em permanente contato com o mundo e com os outros. Em pouco mais de uma década, a internet revolucionou nossos hábitos, formas de interação e até mesmo nossa percepção de tempo e espaço, de modo que não se pode mais imaginar a vida em sociedade sem ela. Porém, mais do que estar em rede, é preciso acompanhar as mudanças dessa realidade social.
Tão inevitáveis quanto a adaptação a essa nova realidade são as consequências que ela traz para a saúde mental, em especial para os jovens. O abuso no uso de redes sociais já é considerado uma doença, que recebeu o nome de "adicção por internet". Especialistas apontam que as redes sociais têm o mesmo potencial de viciar que o álcool, o cigarro e outras drogas, um reflexo do chamado "medo de ficar de fora". A necessidade crescente de estar atualizado sobre todos os assuntos, memes e trends conduz a uma interminável atualização de status, com potenciais prejuízos à saúde.
Essas são algumas das razões que levaram o MPSC e a Associação Catarinense de Psiquiatria a eleger como assuntos do evento alusivo ao Setembro Amarelo o uso exagerado da internet pelos jovens e como o uso de substâncias psicoativas se tornou um modo de aliviar a angústia e outras consequências dessa nova realidade, potencializada pelo necessário isolamento social durante a pandemia.
Douglas Roberto Martins
Promotor de Justiça e Coordenador de Centro de Apoio dos Direitos Humanos do MPSC