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O sentimento de posse e a sede de vingança levaram um morador de Lages a cometer uma série de crimes que abalaram toda uma família, causando medo e constrangimento. A relação inclui três tentativas de homicídio - sendo duas contra a ex-companheira e uma contra o ex-sogro -, perseguição e disparo de arma de fogo em via pública. Os fatos aconteceram entre abril e maio do ano passado. Agora o homem foi julgado e condenado a 12 anos, um mês e 18 dias de prisão, com base na denúncia do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC). 

A sessão do Tribunal do Júri aconteceu na quinta-feira (12/12), no fórum da comarca, e teve cerca de nove horas de duração. A Promotora de Justiça Camila da Silva Torgon conduziu a acusação, apresentando as provas colhidas durante as investigações. "Este caso demonstra como a violência contra a mulher é um problema grave e estrutural. Atuamos para garantir a proteção da vítima e a responsabilização do réu, que, com ações premeditadas e cruéis, tentou destruir não só uma vida, mas o equilíbrio de toda uma família", afirmou. 

Segundo consta nos autos, o réu não aceitou o término do relacionamento de 13 anos e avançou com o carro sobre a ex-companheira, mas não conseguiu atingi-la, porque a ex-cunhada a empurrou para cima de um barranco ao perceber o ataque. Horas depois, ele foi até a residência da vítima e deu dois tiros pelo buraco da porta para tentar matá-la, mesmo sabendo que os próprios filhos estavam na residência. Na sequência, o réu atirou na direção do sogro, mas também não o atingiu. Antes de ir embora, ele deu mais um tiro para cima, colocando várias vidas em risco.  

Esses fatos aconteceram na madrugada de 29 de abril de 2023. Nas semanas seguintes, o réu perseguiu e ameaçou a ex-companheira, se escondendo embaixo de casa para vigiá-la, rondando a escola dos filhos, postando mensagens com tons ameaçadores e mandando outras pessoas avisá-la que iria matá-la. Além disso, ele fez outros disparos de arma de fogo próximo à residência. Tudo isso gerou um grande abalo psicológico em toda a família.  

O contexto dos fatos levou o réu à prisão. Ele permaneceu preso preventivamente durante todo o processo e retornou ao presídio assim que o julgamento terminou para cumprir sua pena, não podendo recorrer em liberdade. O motivo torpe e o feminicídio foram reconhecidos como qualificadoras nas tentativas de homicídio contra a ex-companheira, e o perigo comum, na tentativa de homicídio contra o ex-sogro.