Estudos como esse são usados para embasar a discussão de políticas públicas e o aprimoramento da legislação reguladora e da fiscalização. Um exemplo é que as normas estaduais e municipais podem ser mais restritivas do que a legislação federal. O próprio levantamento feito a pedido do MPSC investigou 204 princípios ativos, quando a norma nacional obriga a fiscalização de apenas 27 substâncias.
Em 2021, com recursos vindos de um convênio aprovado pelo Fundo de Reconstituição de Bens Lesados (FRBL), o estudo vai abranger todos os 295 municípios catarinenses.
A audiência pública foi realizada em parceria entre os fóruns catarinense e gaúcho de combate aos impactos dos agrotóxicos (FCCIAT e FGCIA, respectivamente), espaços que reúnem dezenas de entidades, organizações civis e órgãos públicos para a discussão de medidas concretas que promovam a redução e restrição do uso dessas substâncias químicas. O Fórum Catarinense de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos e Transgênicos (FCCIAT) é liderado pelo MPSC e foi constituído em 2015.
Saber a origem dos alimentos vegetais ajuda o consumidor a identificar possíveis contaminações por uso abusivo de agrotóxicos
Os produtos agrícolas usados para combater pragas e doenças em lavouras e pastagens - substâncias químicas genericamente classificadas como agrotóxicos - contêm ingredientes ativos que, caso sejam usados de forma descontrolada, indiscriminada e sem a devida fiscalização, comprovadamente estão relacionados ao câncer e até mesmo a doenças mentais que levam ao suicídio, de acordo com pesquisas chanceladas por organismos sanitários e centros científicos nacionais e internacionais.
Além da qualidade da água, outra preocupação do MPSC com relação às consequências do uso abusivo de agrotóxico na produção agrícola e até pecuária é com a contaminação dos alimentos consumidos pela população.
Nessa frente, o Ministério Público catarinense desenvolve o Programa Alimento Sem Riscos (PASR), que, entre as suas ações, participou da elaboração de uma portaria, em 2016, estabelecendo a rastreabilidade dos alimentos vegetais. Com isso, é possível ao consumidor saber a origem de hortifrutigrangeiros disponíveis no mercado e como e por quem foram produzidos.
O PASR monitora a presença de resíduos de agrotóxicos nos alimentos, combate o uso indiscriminado dessas substâncias na produção, estimula a identificação da origem de frutas, verduras e legumes, além de fiscalizar o comércio e receituário de agrotóxicos e lutar para impedir o uso de agrotóxicos já banidos no exterior, mesmo que permitidos aqui.