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"Inclusão não é chamar para a festa; inclusão é tirar para dançar". A fala da Pamela Caroline de Andrade, participante do workshop "Fotografia inclusiva", foi seguida de uma salva de palmas acalorada. Ela foi uma das pessoas que discursaram durante a cerimônia de inauguração da exposição fotográfica "Olhares que inspiram", realizada nesta terça-feira (23/9) na Procuradoria-Geral de Justiça, em Florianópolis. A iniciativa reúne 32 fotografias produzidas por jovens e adultos com trissomia do cromossomo 21 (T21 - síndrome de Down), integrantes do movimento social "Amigos para sempre". A exposição das fotografias, que retratam as praias e a cultura catarinense, permanecerá até o dia 30 de setembro no hall do edifício-sede do MPSC. 

A Procuradora-Geral de Justiça, Vanessa Wendhausen Cavallazzi, destacou o sentimento de alegria com que a Instituição recebeu a exposição: "Celebramos não apenas a arte da fotografia, mas sobretudo a força transformadora da inclusão. Mais do que imagens, eles nos oferecem a possibilidade de enxergar o mundo sob uma nova perspectiva, a da diversidade de olhares, que revela a riqueza escondida no cotidiano e a beleza que muitas vezes nos passa despercebida". "Não é por acaso que essa exposição acontece aqui, na casa do MPSC. Ao abrir suas portas, a Instituição reafirma seu papel constitucional de guardiã dos direitos fundamentais, especialmente da igualdade e da dignidade da pessoa humana", completou. 

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O Procurador de Justiça Daniel Paladino foi responsável por fazer a ponte entre a idealizadora do workshop "Fotografia inclusiva" e o MPSC. "Hoje os protagonistas são vocês, jovens com síndrome de Down. No dia de hoje, vocês demonstram vontade, essa necessidade de se manifestar, de mostrar à sociedade e ao mundo que vocês têm um grande potencial em todos os aspectos da vida humana. As pessoas com deficiência são extremamente criativas, com potencial enorme em todas as áreas, em todos os aspectos da vida civil". O workshop conta com o apoio do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (CEAF) do MPSC e do próprio Procurador de Justiça. 

Post"Cada foto que fizemos é um pedacinho do que sentimos e do que acreditamos. A fotografia nos ajuda a mostrar que todos nós temos um jeito especial de olhar o mundo. Nesta exposição queremos compartilhar com vocês nossa forma de enxergar a beleza das pessoas, da natureza e dos pequenos detalhes que muitas vezes passam despercebidos. Espero que, ao verem nossas fotos, sintam a mesma alegria que sentimos ao fotografar. Que cada imagem seja um convite para enxergar o mundo com mais amor, respeito e inclusão", falou Pamela Caroline de Andrade, uma das fotógrafas do projeto. 
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A responsável pela iniciativa "Fotografia inclusiva", Cristina de Sousa, agradeceu a todos os apoiadores do projeto, que ocorre desde 2021. "Agradeço principalmente aos jovens, meus queridos alunos. Muito obrigada. Amo vocês, tenho um amor profundo por vocês e quero dizer que eu ensino fotografia, mas eu aprendo sobre a vida com vocês muito mais do que eu ensino. Em cada encontro com vocês eu me torno uma pessoa melhor, porque vocês, sim, têm muito para ensinar para nós. Nós é que temos que aprender com vocês como de verdade ver a pureza nas coisas, como de verdade olhar o mundo com tanto amor", declarou. 

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A artista plástica Fabíola Coelho faz parte do grupo de mães dos participantes do projeto "Amigos para sempre". "É uma felicidade sabermos o quanto a arte é importante nas nossas vidas, não só como beleza, como estética, como harmonia, mas também como luta, como possibilidade de mostrar as capacidades de cada um. O quanto, de alguma forma, essas imagens falam da potencialidade, da singularidade de cada jovem, cada adulto e jovem aqui representados", disse.  

O auditório da Procuradoria-Geral de Justiça esteve cheio durante toda a cerimônia. Havia estudantes, participantes do projeto, pais orgulhosos e uma plateia empolgada. Durante a cerimônia foram entregues os certificados de participação no workshop. Além de contar com tradução ao vivo para Libras, um dos pontos de destaque proporcionados no evento foram as descrições em Braille colocadas ao lado das fotografias que compõem a exposição. Esse trabalho foi realizado pela Associação Catarinense de Integração dos Cegos. 

Antes do encerramento do evento, o cantor, músico e deficiente visual João de Paula apresentou diversas canções, entre elas "Preciso me encontrar", de Cartola, e "Por enquanto", da banda Legião Urbana.  


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Homenagem 

Durante a cerimônia, o pequeno Lucas Cavalcanti Cardoso recebeu homenagens póstumas. O filho caçula do Presidente da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB) de Coqueiros, Eduardo Cardoso, e de sua esposa, Zandra Cavalcanti, nasceu em 15 de agosto de 2022 e faleceu 33 dias depois em decorrência de complicações após o parto prematuro. Lucas tinha síndrome de Down e foi a irmã, Laísa Cavalcanti Cardoso, quem abriu as portas  para a aceitação ao diferente. A exibição de um vídeo em homenagem a ele foi seguida de uma longa salva de palmas pela plateia. Não raro, era possível observar rostos emocionados e olhares cintilantes, um tanto enuviados pelas lágrimas que insistiam em brotar.  A homenagem foi estendida aos avós de Lucas, João Carlos Lopes Cardoso, Dilza Soares Cardoso, Djalma Cavalcanti e Zandra Neves Cavalcanti.

Em seu discurso, Eduardo Cardoso relembrou a descoberta da gravidez e todos os desafios que se seguiram após o nascimento do bebê. Atualmente ele é padrinho do workshop "Fotografia inclusiva ". Por meio de sua atuação como Presidente da AABB, ele cedeu um espaço da sede para as aulas. "A gente acha que quem tem síndrome de Down precisa do mundo, mas hoje eu vejo que o mundo precisa muito mais da síndrome de Down, da pureza que vocês transmitem", disse ele. "Nosso muito obrigado, em nome de toda a minha família, dos avós, da minha esposa e do meu filho, por nos oportunizarem receber essa homenagem. Contem sempre conosco. É um sonho que está sendo realizado aqui neste momento. O Lucas ainda existe, com certeza ele existe, mesmo não estando presente fisicamente", completou.  


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Mais autoridades 

O Controlador-Geral de Florianópolis, Coronel Araújo Gomes, também esteve presente na cerimônia representando o Prefeito da Capital, Topázio Neto. "Eu vim para este evento movido por uma profunda curiosidade para ver o resultado desse trabalho belíssimo. Se é verdade que há tantas paisagens em Florianópolis e que cada paisagem se multiplica pelo olhar de quem aprecia, eu fico imaginando esse olhar potencializado pela técnica, pela sensibilidade de uma expressão artística tão bonita como a fotografia, feita por pessoas que têm diante da vida uma inocência, uma beleza, uma pureza de alma que as torna inspiração a todos nós sobre como a vida devia ser vista", destacou. 

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"Eventos como este nos tocam profundamente, seja pelo que ouvimos, seja pelo que presenciamos. Recordo a frase do meu ex-Comandante da Polícia Militar, Coronel Araújo Gomes: `Como é bom ver o mundo pelos olhos dos outros¿. Quando enxergamos apenas pela nossa própria perspectiva, o mundo pode parecer limitado, até monótono, mas, quando nos abrimos para o olhar do outro, passamos a enxergar novas possibilidades, novos sentidos", disse o Vereador de São José Adair Tessari. 

PostPor fim, a jornalista e ativista da causa T21 Adriana Guimarães reiterou que "incluir é colocar as pessoas com deficiência no papel de protagonista, ser valorizado e participar realmente. Isso que foi feito por meio da fotografia. É proporcionar visão e empoderamento, é trazer para esses jovens motivação para lutarem pelos seus sonhos e eles saberem que eles podem ser independentes sim!".