A Promotora de Justiça Patrícia Dagostin Tramontin denunciou à Justiça Maurício Dickmann, 36 anos, por ter matado por envenenamento sua esposa, Simone Vieira Dickmann, 35 anos, em 21 de novembro de 2010, em Pomerode. Com ela o acusado teve uma filha que está com oito anos. Seu objetivo, segundo a apuração, era receber os R$ 500 mil do seguro de vida de Simone, do qual era o único beneficiário. A proposta de ação criminal foi acolhida pelo Judiciário, dando início ao processo-crime. Ele vai responder por homicípio triplamente qualificado: motivo torpe, praticado de forma dissimulada e com uso de meio cruel. Ele esteve preso temporariamente por 60 dias e agora, com prisão preventiva decretada pelo Juiz de Direito Paulo Eduardo Huergo Farah, responderá ao processo no Presídio Regional de Blumenau.
 
O Ministério Público de Santa Catarina apurou que Dickmann é um fraudador de seguros desde 2001. Nesse período ele já teria recebido pelo menos R$ 434,49 mil em seguros fraudados. Geralmente ele contratava a apólice para seguro de vida ou residencial e, dias depois, simulava um acidente pessoal ou danos em sua casa. Assim que recebia o valor da apólice, deixava de pagar as demais parcelas do contrato. "O homicídio em questão é o desdobramento natural de uma perversa escalada criminosa", afirma a Promotora de Justiça.
 
Em 2006, por exemplo, ele fez duas apólices, uma de seguro de vida e acidentes pessoais e a outra de seguro por invalidez. Seis meses depois simulou um acidente que resultou em amputação do polegar esquerdo, recebendo uma indenização de R$ 229,140 mil. No inquérito que investigou a morte de sua esposa, a Polícia Civil também descobriu que ele mesmo cortou o dedo com uma serra elétrica. "Ele fazia os seguros já prevendo a fórmula para provocar os desfalques mediante fraudes diversas", constata a Promotora de Justiça.
 
Em 2010 ele convenceu a esposa a contratar um seguro de vida de R$ 500 mil, sendo o beneficiário, e em troca contratou uma apólice para si no valor de R$ 250 mil, tendo Simone como beneficiária. No entanto, nunca pagou as parcelas da própria apólice. O seguro de Simone teve vigência a partir de 9 de setembro. Pouco mais de dois meses depois a mulher, que gozava de boa saúde, estava morta. Em novembro ela foi internada em três ocasiões com sintomas de vômitos, tonturas e náuseas. Na terceira vez, quando recebeu alta, passou mal após receber a visita do marido no hospital e morreu em consequência de parada respiratória, num quadro de mal-estar que incluiu sufocamento e liberação de espuma pela boca, sintomas compatíveis com envenenamento.
 
Para a Promotora de Justiça os sintomas apresentados por Simone demonstram um quadro de lento envenenamento que a levou até o hospital, onde ela teria recebido a dose fatal. Segundo Patrícia, o objetivo de Dickmann seria que a esposa morresse no hospital, o que causaria menos suspeitas e facilitaria a liberação do valor da apólice pela seguradora contratada.