O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) tem uma jornada de inovação de muitos anos.
Está em seu DNA. Mesmo antes da Constituição Federal de 1988, já atuava de forma inovadora na proteção do consumidor, quando esta ainda não era uma atribuição constitucional da instituição. Desde então vem se reinventando.
Há dez anos criou uma área com vocação específica para trabalhar com dados estruturados e, mais recentemente, criou a sua uma política de inovação e o laboratório iMPulsoLAB para fomentar experiências inovadoras. Também desenvolve aplicativos e já atua de forma colaborativa com diversos parceiros. Com a pandemia, a área de inovação da instituição atuou ainda mais de forma colaborativa.
"Não é de hoje que o MPSC inova, sempre o fez na sua história. Dar o nome e a criação de uma área de inovação não significa que ela começou hoje, como de fato não começou. É apenas uma vontade da instituição que isso seja cada vez mais frequente e potencializado. A nossa missão é que essa vocação seja cada vez mais acentuada e difundida em todas as áreas da instituição", afirma o Coordenador do Núcleo de Inovação do Centro de Apoio Operacional Técnico do MPSC, Promotor de Justiça Guilherme André Pacheco Zattar, responsável pelo Comitê Estratégico de Inovação,
Em 2011, o MPSC decidiu de forma pioneira no sistema de Justiça brasileiro utilizar dados para orientar suas ações ao estruturar o Setor de Inteligência de Negócios, com o objetivo inicial de construção de painéis de dados para a gestão administrativa da instituição. A organização qualificada desses dados serviu de base para a publicação das exigências da Lei de Acesso à Informação, dando início, em 2012, ao projeto Portal da Transparência, que foi aprimorado até chegar a versão atual. O Portal da Transparência recebeu o prêmio de melhor portal da transparência entre os ramos do Ministério Público brasileiro em 2017 pelo Conselho Nacional do Ministério Público Brasileiro (CNMP) e continua ranqueado entre os melhores do país.
Com o sucesso da iniciativa, além de organizar a gestão administrativa ao utilizar dados, o MPSC passou a construir ferramentas para auxiliar no gerenciamento das Promotorias de Justiça e à atuação institucional. Estruturou, por exemplo, ferramentas de dados para auxiliar no acompanhamento do programa APOIA, que combate a evasão escolar - programa que foi reconhecido com a menção honrosa pelo prêmio Innovare em 2015.
Em 2014, o MPSC criou o primeiro grande projeto de apoio às Promotorias de Justiça, o Portal do Promotor, que é uma grande caixa de ferramentas para todas as áreas de atuação. O Portal do Promotor mantém em um mesmo espaço indicadores sociais, ferramentas de análise criminais, apoio de combate à corrupção, defesa do meio ambiente, ordem tributária, infância e juventude e direitos humanos.
Em 2015, o MPSC ampliou as fronteiras e redefiniu o seu modelo de construção de painéis. Passou a instituir trabalhos colaborativos por meio de termos de cooperação com parceiros externos a partir de cessão de dados para auxiliar na atuação do MPSC em defesa da sociedade. Há parcerias com a SSP, Polícia Militar, Polícia Civil, Secretaria de Administração Prisional, IMA, CASAN, ALESC, CELESC, TCE e Governo do Estado.
A aproximação com instituições parceiras permitiu a construção de projetos colaborativos e ampliou em muito os painéis de dados. Ainda em 2015, foi criado também o programa Sel-Service BI para que outros setores do MPSC também pudessem desenvolver produtos de dados que pudessem ser consumidos por todos. Foram criados em 2016 relatórios dinâmicos para subsidiar o programa Saúde Fiscal, ampliando a melhor compreensão da saúde fiscal dos municípios.
Em 2015 iniciou, em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde e a Assembleia Legislativa, o projeto "Transparência nas Listas de Espera do SUS", visando fomentar a organização, regulação e transparência às listas de espera por exames, consultas e cirurgias no âmbito do Sistema Único de Saúde.
O projeto conjunto contou com a aprovação da Lei Estadual 17.066, uma vitória da sociedade no que diz respeito à transparência dos serviços públicos de saúde. A lei determina que qualquer estabelecimento que ofereça serviços pelo Sistema Único de Saúde (SUS) disponibilize na internet as listas de espera para consultas, exames, cirurgias, entre outros procedimentos.
Em 2017, foi publicado o portal Transparência nas Listas de Espera do SUS, disponível em https://listadeespera.saude.sc.gov.br/, que permite ao cidadão usuário do SUS ter informações sobre sua posição na lista de espera e a relação de todos os pacientes que aguardam atendimento ou já foram atendidos
Em 2019, o MPSC reestruturou a sua área de dados e a redefiniu para atuar também com inovação. A gerência já gerou mais 250 produtos, que resultaram em 450 aplicações e desde a sua reestruturação passou a participar de projetos multissetoriais, que vão além de dados, e a desenvolver aplicativos. No início de 2020, a instituição lançou o Movimento iMPulso - Fazer diferente para fazer melhor. O objetivo é disseminar a cultura da inovação na instituição, experimentar novas práticas de trabalho, estimular a inovação aberta e fazer um Ministério Público cada vez mais próximo do cidadão.
Pandemia
Com a pandemia, o processo de inovação foi acelerado. Além de instituir a Política de Inovação do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) e criar um laboratório para fomentar experiências inovadoras, a área de dados e inovação da instituição antecipou uma série de projetos e atuou ainda mais de forma colaborativa.
Desenvolveu a Catarina, uma atendente virtual que já prestou mais de 50 mil atendimentos virtuais. Colocou à disposição de todos de forma gratuita um aplicativo com os serviços do MPSC mais procurados pelos cidadãos, o MPCatarina, e ainda criou ferramentas como os painéis que mostram em tempo real os recursos destinados ao combate à pandemia de covid-19, o impacto da covid-19 nas instituições de longa permanência para idosos (ILPIs) e todas as ações iniciativas judiciais e extrajudiciais instauradas pelas Promotorias de Justiça para o combate à doença.
Também disponibilizou uma sala de situação para todos os municípios catarinenses acompanharem o modelo epidemiológico, o mapa de risco, as análises de ocupação de leitos de UTI, entre outros dados, como forma de auxiliar os gestores na tomada da melhor decisão para o enfrentamento da pandemia. Recentemente, em conjunto com o Conselho das Secretarias Municipais de Saúde (COSEMS/SC), um site que reúne as informações fornecidas pelas administrações municipais sobre as datas, os locais, o público que está na vez de ser imunizado e os documentos que são exigidos para a vacinação.