Mariana trouxe como exemplo o Código Civil em vigência no Brasil até 1946 que falava da "fraqueza do entender das mulheres". O cenário começou a mudar no Brasil na década de 60, quando houve uma mudança na lei para promover uma igualdade entre direitos, garantindo, por exemplo, o direito ao voto.
"A partir do século XXI há uma consciência desses vários períodos da humanidade em que se disse da mulher como um sujeito menor, inferior ao homem e surgem então as ações afirmativas do século XXI, que são aqueles momentos de legislações voltados só para mulheres, como a Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio. Não é um privilégio de gênero, é um fato de que a mulheres não eram lembradas nas legislações", afirmou a Promotora de Justiça.
Segundo Mariana, mais difícil que combater a violência doméstica contra mulheres no ambiente urbano, é combatê-la no meio rural. Os motivos, para ela, envolvem o fato de a participação da sociedade civil concentrar-se nos grandes centros; o distanciamento das residências até as redes de proteção; a falta de informação e dificuldade de acesso ao transporte para a tomada de decisão para ruptura da violência e também a invisibilidade no trabalho da mulher no campo, configurando-se como "ajuda".
"É uma violência inviabilizada e que se mostra difícil de ser combatida por ser subnotificada. Como eu vou criar uma política pública se eu não tenho estatísticas". A agressão é tão pouco denunciada que o ´levantamento mais recente que Mariana trouxe em sua palestra sobre violência contra a mulher no campo é um estudo da Confederação Nacional de Trabalhadoras da Agricultura de 2008, em que 55,2% das entrevistadas relataram já ter sofrido algum tipo de violência. Cerca de 63% dos atos de violência foram cometidos por maridos e companheiros.