Em uma sessão do Tribunal do Júri de Santo Amaro da Imperatriz que durou 22 horas, realizada nesta terça-feira e quarta-feira (18 e 19/6), três homens denunciados pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) foram julgados e condenados por terem assassinado um casal de jovens em 2021. Consta nos autos que o crime foi cometido pois as vítimas teriam supostamente matado um motorista de aplicativo na região de Florianópolis, fato que teria motivado uma retaliação da facção criminosa à qual os réus eram associados.  

Os condenados RCSC, CBS e JJR foram sentenciados às penas de 46 anos e quatro meses; 63 anos, dois meses e três dias; e 67 anos, sete meses e 21 dias de reclusão, respectivamente, pelos crimes de sequestro e cárcere privado, duplo homicídio qualificado, participação em organização criminosa, majorada pelo emprego de arma de fogo com participação de adolescente, e corrupção de menor. 

Em outubro de 2021, na região do bairro Rio Vermelho, em Florianópolis, o réu RCSC, com o auxílio de outro indivíduo, sequestrou as vítimas SLN e LKG e as transportou até um local de cativeiro no bairro Brejaru, no município de Palhoça. Lá, ele e seus pares mantiveram as vítimas privadas de liberdade por três dias, aguardando que a facção criminosa à qual pertenciam autorizasse a execução de ambos.  

Foi o que aconteceu no dia 11 de outubro de 2021, quando RCSC e CBS, com outro indivíduo e um adolescente, renderam as vítimas no porta-malas de um veículo e as conduziram até a localidade de Cobrinha de Ouro, em Santo Amaro da Imperatriz. No local, os adolescentes SLN e LKG, amarrados com fita plástica pelas mãos e pelos pés, foram deitados no chão e alvejados diversas vezes, sendo atingidos por seis e dez tiros, respectivamente, o que resultou em suas mortes.   

Embora não estivesse no local no momento dos fatos, o condenado JJR, identificado nos autos como "responsável geral da facção criminosa a que pertenciam os envolvidos, no município de São José", foi encarregado de prestar todo o suporte necessário à consumação do crime. Isso incluiu a queima do veículo utilizado para transportar as vítimas, ação praticada no bairro Rússia, em Biguaçu, por ele e os outros dois condenados.  

Na acusação, o Promotor de Justiça em exercício da 2ª Promotoria de Justiça de Santo Amaro da Imperatriz, Murilo Rodrigues da Rosa, com a Promotora de Justiça Mirela Dutra Alberton, integrante do Grupo de Atuação Especial do Tribunal do Júri (GEJURI), salientou que o crime foi praticado por motivo torpe, uma vez que caracterizou a aplicação de punição sumária às vítimas, sob ordens da facção criminosa. Segundo consta nos autos, a suspeita que pairava sobre o casal de ter matado o motorista de aplicativo teria contrariado os "preceitos" da organização criminosa e provocado a ordem de execução. A presença do adolescente no local e no momento das execuções imputou, ainda, aos demais participantes, o crime de corrupção de menor.