O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) ajuizou uma ação por ato de improbidade administrativa contra um ex-Prefeito de Penha por este ter adotado a falta de transparência como um "método deliberado de gestão" ao longo de seus oito anos no poder. A 2ª Promotoria de Justiça da Comarca de Penha acusa o ex-gestor de, intencionalmente, ignorar dezenas de requisições de informações para blindar seus atos do controle social e da fiscalização. 

A ação detalha a recusa sistemática do ex-Prefeito em responder aos ofícios do MPSC. A conduta teria persistido mesmo após uma reunião conciliatória, em 19 de abril de 2024, na qual o então Prefeito teria se comprometido a cooperar. Entre abril e dezembro de 2024, menos da metade dos ofícios foram respondidos. O processo também fala que, de sete ofícios entregues pessoalmente em mãos por uma servidora do Ministério Público, apenas um obteve resposta. 

Para o Promotor de Justiça Rene José Anderle, autor da ação, o comportamento do ex-Prefeito vai além de uma simples falha administrativa. "A recusa sistemática em prestar contas ao órgão de fiscalização foi uma escolha consciente para governar à margem do controle social e da lei durante quase uma década. Um gestor público tem o dever de ser transparente, e a omissão dolosa é um ato que atenta diretamente contra a democracia", afirma. 

A Promotoria de Justiça tipificou a conduta no artigo 11, inciso IV, da Lei de Improbidade Administrativa. Diante da gravidade e da reiteração dos fatos, o MPSC pede à Justiça que o ex-Prefeito seja condenado ao pagamento de uma multa civil de R$ 479.889,60, valor máximo previsto em lei, correspondente a 24 vezes sua última remuneração. Também foi solicitada a proibição de que ele contrate com o poder público por quatro anos.