O evento "20 Anos do Estatuto da Cidade" encerrou sua programação nesta quinta-feira (8/7) com a palestra Plano Diretor e Orçamento, ministrada pelo Procurador Especial junto ao Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro Samuel Ricardo Silva Gomes, Mestre em Direito pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.
A palestra destacou na prática a relação entre o orçamento municipal e o Plano Diretor. O palestrante frisou que "é o orçamento que dará operacionalidade ao Plano Diretor. É o orçamento que efetiva, que dá a concretude àquilo que foi planejado e discutido". Gomes explicou que as políticas públicas devem atender as necessidades dos habitantes de forma planejada e ordenada.
O Procurador ressaltou que o planejamento deve ser transversal, devendo dialogar com as políticas setoriais específicas que envolvem a cidade, como mobilidade, habitação, educação, saúde e meio ambiente. "O Plano Diretor acaba sendo um instrumento consolidador da política urbana, com caráter multidisciplinar", afirmou Gomes.
Em sua exposição, o palestrante fez uma observação crítica sobre o orçamento impositivo das emendas parlamentares federais, frisando que, pelo menos, 50% do seu total deve ser destinado para o setor de saúde, o que, muitas vezes, não "conversa" com o Plano Diretor sobre as suas prioridades de investimento. "Por conta dessa vinculação obrigatória à saúde, está havendo a construção de unidades de saúde mal localizadas, e até mesmo desnecessárias", apontou.
Gomes também advertiu que muitos municípios estão abrindo mão da arrecadação por não darem a atenção adequada à elaboração de seus Planos Diretores. Ele explicou que "o Plano Diretor também serve para aumentar arrecadação de receitas. O Plano Diretor tem instrumentos financeiros e tributários que vão servir para financiar justamente essa nova política urbana".
O palestrante também destacou a importância de escolher, por meio de critérios de priorização, as diretrizes do orçamento, tendo em vista as inúmeras necessidades públicas e a limitação de recursos. Gomes lembrou que "as necessidades públicas são, de certa forma, infinitas, e os recursos públicos para atender essas necessidades são finitos".