O Tribunal do Júri da Comarca de São Francisco do Sul condenou a 102 anos de prisão em regime fechado o réu Yure de Oliveira Fernandes. Em julho de 2006, Yure participou de uma sequência de crimes que resultou na morte do policial rodoviário estadual Carlos Custódio Pires Padilha, 42 anos, e deixou outros dois agentes feridos. 

O réu integrava uma quadrilha que arrombava caixas eletrônicos em cidades de Santa Catarina. Após monitoramento e escutas telefônicas, a quadrilha foi flagrada em 27 de julho de 2006 quando assaltaria um caixa eletrônico localizado no bairro Enseada em São Francisco do Sul. A ação policial ganhou proporções dramáticas quando os bandidos perceberam a emboscada antes mesmo de efetuar o assalto e iniciaram uma fuga de São Francisco do Sul a Curitiba, envolvendo invasão de residência, assalto a um estabelecimento comercial, reféns e roubo de veículos.

Yure estava em um Zafira, com placas de São Paulo, com outros quatro integrantes da quadrilha rumo à BR-101. Quando o bando passou pelo posto policial de Iperoba, na SC-301, em São Francisco, desconfiou da abordagem policial e os bandidos dispararam contra os agentes rodoviários. Carlos Padilha morreu no local. Outro policial que estava no posto foi ferido, ficou em estado de coma, mas sobreviveu. 

Logo adiante, no trevo da SC-301 e BR-280, o grupo foi surpreendido por outros policiais e mais uma vez houve troca de tiros, ferindo um terceiro policial na perna. A quadrilha seguiu em fuga, invadiu uma casa e roubou um Fiat Prêmio. Depois, seguiram novamente e roubaram um caminhão de uma empresa e mantiveram dois funcionários reféns até o Município de Garuva, onde renderam outro motorista até a cidade de São José dos Pinhais, no Paraná. Os cinco criminosos seguiram, então, para um hotel em Curitiba, onde outros dois integrantes da quadrilha aguardavam. Os sete foram presos em flagrante com forte armamento e se preparando para viajar a São Paulo.

A quadrilha contava com um total de 10 pessoas. Além dos presos em Curitiba, outros três ficaram em São Francisco do Sul, aguardando o melhor momento para fugir, mas também foram surpreendidos pela polícia. Um dos integrantes do bando era funcionário de uma empresa de transporte de valores e repassava informações sobre abastecimento e senhas de caixas eletrônicos. 

Os cinco criminosos que estavam na automóvel Zafira foram denunciados pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) pela morte do policial e tentativa de assassinato dos outros dois feridos e de um terceiro agente que não foi atingido. Além disso, toda quadrilha (10 integrantes) responde pelos assaltos e roubos que foram comprovados durante as investigações. Entre os crimes estão, por exemplo, um assalto ao Supermercado Angeloni, em Jaraguá do Sul, também em 2006. Na ocasião, os funcionários foram rendidos e, como os acusados não conseguiram abrir os caixas, levaram objetos do setor de eletrônicos. 

Todos os acusados já foram julgados e condenados, inclusive Yure havia sido condenado à pena de 104 anos de prisão, sendo que somente foi submetido a novo julgamento porque o Tribunal de Justiça à época entendeu que houve cerceamento da defesa no primeiro Júri.

Ao ser submetido a novo julgamento Yure foi novamente condenado a pena de 102 anos, resultado de 13 condenações em uma sessão que durou cerca de 18 horas. Também foi imposto o pagamento de 390 dias-multa pelos crimes cometidos. O julgamento ocorreu no dia 6 de novembro.

Atuaram no julgamento o Juiz de Direito Gustavo Schwingel, o advogado de defesa Antônio Carlos Thiesen e a Promotora de Justiça Andréia Soares Pinto Favero. 

Autos nº 0003452-79.2006.8.24.0061 

O papel do Ministério Público no Tribunal do Júri 




Como funciona uma sessão do Tribunal do Júri no Brasil