Regina Rodrigues falou sobre os eventos extremos no contexto das mudanças climáticas e apontou, logo de início, que a atual crise climática é em decorrência do aumento das emissões de carbono, que tem levado uma desestabilização do clima na terra. Segundo a pesquisadora, essa desestabilização resulta no aumento da temperatura média terrestre, que tem consequências diretas e indiretas à saúde humana - como aumento de doenças cardiovasculares e morte e maior propagação de doenças como a dengue.
O aumento da temperatura, da atmosfera, tem um outro impacto. Quando a atmosfera fica mais quente, evapora mais. Então, em lugares secos, tem mais evaporação, fica mais seco. Então, em lugares úmidos, ela tem mais umidade, as chuvas são mais torrenciais e intensas. "Isso não é bom para ninguém. Isso não é bom nas áreas urbanas, porque gera enxurradas e deslizamentos e enchentes. E não é bom para a agricultura também, com período de estiagem sem poder ter plantio e quando vem a chuva ela lixivia o solo torrencial e leva todo o solo produtivo", constata.
Regina explicou, ainda, outros efeitos do aumento da temperatura sobre o oceano e os reflexos na economia. Segundo ela, a absorção do CO2 na água do mar gera acidificação dos oceanos, e isso corrói as conchas, o que impacta inclusive na produção de ostras em Florianópolis, que é 90% da produção do Brasil", frisou, destacando também o avanço do mar sobre as áreas terrestres em função da expansão causada pelo aumento de temperatura.
"Afeta o agronegócio, a construção civil, o turismo, o transporte, a infraestrutura, a energia, a pesca. Afeta a nossa saúde. Gera uma insegurança hídrica, energética e alimentar, isso é um problema seríssimo. Tem solução, tem tempo, mas a gente precisa começar logo e rápido. Quanto mais a gente demorar para perceber isso, aceitar isso e reverter essa situação, pior vai ser para a gente. Quanto antes a gente fizer essa transição, mais tempo teremos para fazer uma transição justa, sem impactos econômicos", finalizou.