Nesta segunda-feira (dia 16/05), o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) lançou o Projeto Sangas, com a finalidade de identificar e analisar a qualidade das águas dos rios de Chapecó, abordando a questão do uso do solo e seus reflexos ambientais. No final, serão propostas medidas para melhorar a qualidade ambiental e criar um banco de dados que deverá ficar disponível a toda a comunidade. A iniciativa conta com apoio de várias entidades governamentais e não-governamentais, e será gerenciado pelo Departamento de Meio Ambiente do Município.

Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) revelam que hoje cerca de 250 milhões de pessoas, de 26 países, têm grande dificuldade para obter água. Todas estão entre os 2 bilhões de seres humanos que não dispõem de água potável, ou seja, água tratada, saudável, segura para o consumo. As projeções da ONU indicam que, se a tendência continuar, em 2050 mais de 45% da população mundial estará vivendo em países que não poderão garantir a cota diária mínima de 50 litros por pessoa para suas necessidades básicas.

"Além disso, nossas reservas de água potável estão diminuindo. Entre as principais causas estão o crescente aumento do consumo e a contaminação das águas superficiais e subterrâneas por esgotos domésticos e resíduos tóxicos da indústria e da agricultura", ponderou o Promotor de Justiça Márcio Conti Junior. "Com educação ambiental, também poderemos mostrar que, com pequenas mudanças de hábitos, todos poderemos contribuir para conservar nossas fontes hídricas e aprender a consumir sem desperdício", completou.

O projeto deverá abranger a totalidade das microbacias hidrográficas que integram Chapecó, ainda que parcialmente, sejam mananciais de captação de água potável ou mesmo pequenos córregos e sangas. A finalidade é avaliar a saúde de rios e suas águas, verificar se as indústrias instaladas às margens de cursos d'água possuem licença e se as já licenciadas estão cumprindo as regras impostas pelo órgão ambiental, se os loteamentos e construções ribeirinhos está de acordo com as normas ambientais, a situação da mata ciliar e se a legislação local tem efetividade ou necessita de reparos.

Conforme o Promotor de Justiça, os levantamentos serão elaborados por fases, uma bacia hidrográfica de cada vez, considerando os dados populacionais, cadastros industriais, cadastros agrícolas, cadastros de imagens etc e as fontes de poluição, monitoramento da qualidade da água, medições de vazão, efluentes etc.

Inicialmente, serão procurados colaboradores e parceiros que possuam objetivos comuns aos do programa. "Outro ponto importante é a formação de convênios com faculdades, no intuito de incentivar a participação de acadêmicos, na condição de estagiários, para que prestem serviço de campo no levantamento e análise dos dados colhidos junto aos rios", conclui Conti Junior. A iniciativa também irá unificar, num escritório ambiental, todos os projetos e levantamentos já realizados por entidades governamentais e não-governamentais.