O tombamento é um ato administrativo, de responsabilidade do poder público, que objetiva preservar bens históricos, culturais, arquitetônicos e ambientais por meio de legislação específica. Um bem tombado não pode, por lei, ser destruído ou descaracterizado.
Enaltecimento da cultura
Além de ações para proteger documentos, obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, monumentos e sítios arqueológicos, o Ministério Público desenvolve a conscientização social da importância da proteção e promove ações que enaltecem a história e a cultura catarinense e institucional. Entre 2017 e 2018, a Casa Bocaiúva foi restaurada e incorporada pela instituição, e parte da memória dessa edificação resultou no livro "A Casa de Chácara da Rua Bocaiúva - Histórias da Praia de Fora", coordenado pelo Memorial do MPSC.
Aproveitando a importância histórica e cultural da casa, o MPSC decidiu utilizar a estrutura como forma de fortalecer sua atuação para a preservação da memória e cultura catarinenses e a edificação foi disponibilizada à sociedade como Centro de Memória e Espaço Sociocultural. Hoje, o Centro de Memória na Casa Bocaiúva abriga documentos doados por membros da instituição e da sociedade, conservados e acondicionados pelo Memorial do MPSC desde 2016, a partir de campanha iniciada em 2015.
Integram o acervo permanente os primeiros boletins informativos feitos no MPSC, o convite para a primeira reunião da instituição, fotos de membros e reuniões nas décadas de 60, 70 e 80, troféus, placas de homenagens, fotografias e diversos outros itens que narram a trajetória do Ministério Público catarinense. Em breve, passará a integrar o Centro de Memória parte do acervo pessoal do Procurador de Justiça Ruy Olympio de Oliveira, responsável pela instalação da Corregedoria-Geral na instituição.
O Memorial já abriga a reprodução de uma tela pintada à mão, originalmente, por Ruy Olympio, que retrata o momento em que navio "Malteza S", de bandeira grega, encalhou na Praia do Gi, na cidade de Laguna, em 26 de maio de 1979. Na ocasião, o encalhe causou ao menos cinco mortes e enorme prejuízo ambiental, já que o milho e o óleo que eram transportados por ele vazaram no mar. No momento sem precedentes vivenciado hoje com a pandemia de covid-19, o setor tem recebido e arquivado diversos materiais que poderão ser pesquisados no futuro.
Financiamento de projetos
A proteção e a valorização do patrimônio histórico, artístico, estético, turístico e paisagístico, da ordem urbanística, da ordem econômica e do patrimônio público são critérios que, entre outros, norteiam a destinação dos recursos do Fundo para Reconstituição de Bens Lesados (FRBL), gerido pelo MPSC.
Com a aplicação desses recursos, provenientes de condenações, multas e acordos judiciais e extrajudiciais em face de danos causados à coletividade em áreas como meio ambiente, consumidor e patrimônio histórico, é possível a revitalização, restauração e ampliação de bens que compõem o meio ambiente cultural do estado. Confira abaixo algumas iniciativas financiadas pelo FRBL:
- Projeto "Mudança de Sede do Procon/SC", contando com a reforma de imóvel tombado no Largo da Alfândega
O projeto, apresentado pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável neste ano, será financiado pelo FRBL com o objetivo de dar condições de uso a um imóvel tombado, sem descaracterizar sua fachada, envolvendo obras diversas (hidráulica, elétrica, de pavimentação, pintura e segurança) que irão garantir a longevidade da construção.
- Projeto "Acervo Permanente do Arquivo Público do Estado de Santa Catarina: Digitalização, Preservação e Acesso à Informação"
Por meio de projeto apresentado neste ano pela Fundação Escola de Governo, serão digitalizadas, guardadas e disponibilizadas ao público externo 1.920.000 páginas, 2.247 mapas, plantas e croquis, 10 mil fotografias e 249 rolos de microfilme. Além disso, serão adquiridas lupas eletrônicas e mesas de luz.
- Projeto "Requalificação do Theatro Adolpho Mello"
O projeto, apresentado pela Prefeitura Municipal de São José no ano passado, tem como objetivo a restauração e a adequação às normas de acessibilidade do teatro mais antigo de Santa Catarina e terceiro mais antigo do Brasil. Além de possuir importância histórica, o teatro também oferece atividades culturais e seis oficinas para a comunidade. A previsão é que, com as adequações custeadas pelo FRBL, o espaço poderá atender cerca de 4 mil pessoas por ano.
- Projeto "Expositivo Para a Casa dos Açores - Museu Etnográfico"
Está também em andamento o projeto que pretende inventariar o acervo dos Museus Etnográfico e do acervo do Grupo Arcos, de modo a selecionar as peças a serem expostas e as que serão acondicionadas na reserva técnica. O projeto foi apresentado pela Fundação Catarinense de Cultura em 2018 e irá viabilizar a análise mais aprofundada do acervo no futuro, após a elaboração do Plano Museológico da Casa dos Açores.
- Projeto "Revitalização do Beco da Carioca"
Localizado no Centro Histórico de São José, o Beco da Carioca era utilizado por escravas lavadeiras no século XIX e servia como fonte de abastecimento de água para os moradores. Abandonado com o crescimento da cidade, foi revitalizado a partir da apresentação do projeto pela Prefeitura de São José, em 2017, para o Conselho Gestor do FRBL. O Beco da Carioca foi entregue revitalizado à comunidade em 27 de fevereiro de 2018.