De acordo com dados do Observatório da Violência contra a Mulher de Santa Catarina, 56 mulheres foram vítimas de feminicídio no ano passado. O número representa uma taxa de 0,76 por 100 mil habitantes do estado. Ao longo do ano passado, o MPSC ofereceu 125 denúncias e obteve 233 condenações em processos de feminicídio.
Além da responsabilização penal de agressores, o MPSC busca sempre propor medidas que auxiliem na proteção da mulher e no aperfeiçoamento das políticas públicas. Uma dessas iniciativas é implantar o Protocolo No Callem, de prevenção à violência sexual, que se tornou famoso após a acusação de estupro do jogador de futebol Daniel Alves, na Espanha.
O protocolo prevê a capacitação de funcionários de casas noturnas para acolher vítimas de violência sexual e orientá-las em maneiras de denunciar, identificando o suspeito e entrando em contato com a rede de proteção às mulheres.
Os procedimentos foram instaurados pela 40ª Promotoria de Justiça da Capital, justificados pelo alto número de estupros no último ano, que totalizaram 1.211 registros no estado segundo a Secretaria de Segurança Pública. A iniciativa objetiva trazer para municípios da Grande Florianópolis a experiência bem-sucedida da Espanha e, posteriormente, para mais municípios de Santa Catarina.
Os núcleos do MPSC também são fundamentais no enfrentamento à violência contra a mulher. O Núcleo de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar e contra a Mulher (NEAVID) tem como objetivo fomentar e apoiar a implementação de programas e o diálogo interinstitucional e dar apoio à atuação das Promotorias e Procuradorias de Justiça nas questões de violência contra a mulher decorrentes das relações domésticas e familiares.
"O NEAVID é responsável por idealizar e promover diversas ações de enfrentamento à violência contra a mulher. Por meio da participação em eventos, realização de campanhas educativas, como 'Oi, meu nome é Maria' e outras atividades destinadas a acolher, informar e amparar as vítimas, o núcleo auxilia o MPSC a cumprir sua missão constitucional em defesa das mulheres catarinenses", comenta a Procuradora de Justiça Cristiane Rosália Maestri Böell, coordenadora-geral do NEAVID.
O Núcleo Especial de Atendimento a Vítimas de Crimes (NEAVIT) também atua no enfrentamento à violência contra a mulher. O núcleo, que completou um ano em fevereiro deste ano, busca ouvir e acolher as mulheres para evitar a revitimização, garantindo um atendimento humanizado. Durante esse período, das 344 vítimas atendidas, 56% sofreram violência doméstica (psicológica, sexual e física) e outras 12,58%, violência sexual. O NEAVIT oferece, ainda, orientação jurídica a vítimas de crimes violentos ou cometidos com grave ameaça.
Campanhas do MPSC
Além da atuação na esfera penal, o MPSC promove o diálogo e políticas que visam ao enfrentamento a diversos tipos de agressão contra a mulher. Em 2022, foi lançada a campanha "Oi, meu nome é Maria", com a finalidade de levar informações sobre o combate à violência contra a mulher a escolas de diversas áreas do estado.
Promotoras e Promotores de Justiça que atuam na área da violência doméstica apresentaram palestras sobre a importância de combater e maneiras de prevenir esse tipo de crime. A Lei Maria da Penha é um tema central dos encontros, em que os membros do MPSC explicam os direitos, garantias e medidas de proteção previstas na legislação.
Em 2022, o MPSC levou informação a mais de mil estudantes de todas as regiões do estado. As palestras foram oferecidas a alunos do ensino médio em municípios como Angelina, São Miguel do Oeste, Lages, Canoinhas, Lages e Ituporanga. Além dos alunos das instituições, as palestras buscam sensibilizar professores sobre o tema e informá-los sobre as redes locais de atendimento à mulher.
Com o mote "você não está sozinha", diversas atividades foram desenvolvidas em todo o estado durante o Agosto Lilás, mês em que se comemora o aniversário da promulgação da Lei Maria da Penha e, desde então, é dedicado à conscientização pelo fim da violência contra a mulher.
As iniciativas se concretizaram por meio de distribuição de materiais, ciclos de palestras e diálogo com órgãos públicos para, além de combater a cultura violenta, prestar acolhimento às vítimas e conscientizar os agressores do dano causado por seus atos.